O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Apesar de ter alcançado maior glória enquanto guarda-redes de futebol de praia, Elinton Andrade teve uma vasta carreira no relvado antes de rumar às areias. Agora com 45 anos, o antigo jogador teve uma passagem pelo Marseille (2009 a 2012), clube ao serviço do qual conquistou vários troféus, entre eles a Ligue 1.

«Antes de eu assinar pelo Marseille, o Didier Deschamps queria conhecer-me. Ele queria que eu ficasse uma semana no clube só para conhecer o meu caráter, não queria saber se eu era bom guarda-redes, até porque já tinha visto vídeos meus. No entanto, o meu empresário disse-lhe que eu tinha mais dois anos de contrato com o Rapid Bucareste e que não podia tirar-me de lá para ele avaliar o meu caráter. Acabei por ser contratado como o segundo guarda-redes do clube, atrás do Mandanda. Eu sabia que ia para lá com esse papel, a ideia era eles terem alguém profissional e que quisesse incomodar o Mandanda. Eu não conhecia o Deschamps pessoalmente, mas fui entendendo que é uma pessoa conectada com o caráter, coisa que jogadores como o Ben Harfa e o André-Pierre Gignac talvez não lhe tenham mostrado», começou por contar.

Elinton Andrade
Total
8
Jogos
678
Minutos
0
Golos
0
Assistências
1 0 0 2x

Com o sucesso desportivo, veio também o sucesso financeiro:

«Na altura, o clube estava muito bem e os jogadores acabavam por ter muitos bónus. Nós ganhávamos um jogo e, dependendo do ânimo do presidente, eram oito mil euros para cada jogador. Na Champions League, ganhámos 11 mil euros por cada ponto que conquistássemos; se ganhássemos um jogo, eram 33 mil euros. Os jogadores nem olhavam para o salário, basicamente vivíamos dos prémios. Tivemos vários jogos no campeonato francês que ganhámos aos 90'+3, portanto podes imaginar a emoção. O presidente depois vinha ao balneário e aquilo era uma euforia. O Mandanda, que era o capitão, dizia-lhe que naquele dia o prémio tinha de ser a duplicar ou a triplicar. Quando eu via, o prémio de cinco [mil euros] ia para dez e o de dez para 15.»

Siga o '4 Cantos do Mundo':