Monza, o icónico “Templo da Velocidade,” tem sido o coração da Fórmula 1 durante quase um século. Situado num antigo parque real perto de Milão, o circuito assistiu à história a desenrolar-se, acolhendo corridas de Grande Prémio quase todos os anos desde o início do campeonato mundial em 1950. No entanto, à medida que o desporto avança para uma nova era, até mesmo este solo sagrado deve adaptar-se para sobreviver.


Monza: Um Pilar da História da F1

Stefano Domenicali, Presidente e CEO da Fórmula 1, resumiu a importância de Monza:

“Monza está no coração da história da Fórmula Um, e a atmosfera a cada ano é única, à medida que os Tifosi se reúnem em grande número para apoiar a Ferrari e os pilotos.”

Este ano, o circuito celebrou mais um momento histórico, com Charles Leclerc da Ferrari a conquistar uma vitória em casa triunfante, solidificando ainda mais a reputação de Monza como um bastião da Ferrari. Com 20 vitórias, a Scuderia provou mais sucesso aqui do que em qualquer outro circuito.


Modernizar um Clássico

Apesar do seu estatuto lendário, Monza teve de se modernizar para se manter competitiva num panorama de Fórmula 1 em constante mudança. As atualizações recentes incluem asfalto renovado e túneis de acesso alargados para melhorar a segurança de espectadores e veículos. Angelo Sticchi Damiani, presidente do Automobile Club d’Italia, destacou estes esforços, mas reconheceu o caminho a percorrer:

“Estamos todos cientes de que a história já não é suficiente. Após a renovação da pista e dos subpassagens para melhorar a segurança, agora enfrentamos um novo desafio em 2025: melhorar a qualidade e a quantidade das ofertas de hospitalidade.”

A hospitalidade, o envolvimento dos fãs e a infraestrutura são cruciais, uma vez que os novos locais de Fórmula 1 no Médio Oriente e na América do Norte estabelecem o padrão com instalações luxuosas e comodidades de ponta.


A Batalha dos Circuitos de Itália

A Itália é um dos poucos países privilegiados a acolher dois eventos de Grande Prémio. No entanto, o futuro do seu outro circuito icónico, Imola, é incerto. Com o seu acordo a expirar em 2026 e a crescente concorrência por slots de corrida, Imola pode enfrentar o corte, a menos que consiga assegurar o seu lugar num calendário já alargado a 24 corridas.

Domenicali, nascido em Imola e ex-chefe da equipa Ferrari, reconheceu a importância emocional e histórica de ambos os circuitos, mas avisou que a nostalgia por si só não garantirá a sua sobrevivência. A África e outros mercados globais estão a competir pela inclusão, potencialmente à custa dos circuitos europeus.


Equilibrar Legado e Progresso

Monza e Imola ocupam um lugar especial na história repleta de glórias da Fórmula 1, evocando memórias de triunfos e tragédias. No entanto, à medida que a Fórmula 1 se transforma num espetáculo de entretenimento global, mesmo estes circuitos lendários devem evoluir para atender aos padrões modernos.

No caso de Monza, o desafio reside em misturar o seu charme histórico com as exigências contemporâneas. Como disse Damiani, o futuro do circuito depende de proporcionar uma experiência de hospitalidade condizente com a era moderna, ao mesmo tempo que preserva a paixão e a tradição que o tornam insubstituível.

Os Tifosi certamente esperam que o rugido de Monza ecoe pelo parque durante décadas, mas o “Templo da Velocidade” deve assegurar que continue a ser um templo para todos, e não apenas uma relíquia do passado.