
Talvez o V.Guimarães-SC Braga (e vice-versa) seja o dérbi mais escaldante do futebol português. Há o Sporting-Benfica, sim, mas o dérbi do Minho é sempre escaldante. Seja em Braga ou em Guimarães. Os guerreiros entraram no Afonso Henriques como a melhor equipa portuguesa em 2025 (VVVVV), mas foi o V. Guimarães que esteve mais perto de ganhar. Até naquele lance final com a bola a passar rente ao poste esquerdo.
O Vitória entrou mais forte e esteve sempre muito mais perto de fazer mossa junto de Hornicek do que o SC Braga de importunar Bruno Varela. Nada de muito perigoso, é certo, mas a primeira meia hora foi quase toda da equipa da casa.
O SC Braga, sem Fran Navarro, tentava criar perigo com bolas longas, explorando a velocidade de Roger e de Ricardo Horta, mas raramente as coisas saíram bem ao quarto classificado.
Só mais tarde, numa infiltração de Ricardo Horta e passe para Roger, os bracarenses criaram algo de interessante, mas as mãos do guarda-redes vimaranense foram de ferro: agarrou e não largou.
Entre os 30 e 40, tudo aqueceu. SC Braga a queixar-se de penálti sobre Roger (falta de João Mendes, sim, mas fora da área) e V. Guimarães a protestar golo anulado a Nélson Oliveira (houve falta, mas de Nuno Santos sobre João Moutinho). Era talvez o período mais equilibrado do jogo.
O Vitória explorava as alas e apostava muito no possante Nélson Oliveira. Não dava para perceber, nesta fase, que era jogo entre o quarto e o oitavo classificados da Liga e que entre eles havia uma diferença de nada menos de 13 pontos.
O SC Braga entrara em campo com o objetivo claro de voltar a colar-se ao FC Porto, que acabara de ganhar ao Farense, mas foi difícil à equipa dominar o jogo ou, no mínimo, controlar um pouco mais os acontecimentos, pois foi o Vitória quase sempre a estar mais perto do golo e do triunfo.
O jogo até estava relativamente interessante, mas faltava um pouco de sal e pimenta para catapultá-lo para patamares mais entusiasmantes. Era o dérbi do Minho, sim, talvez o mais frenético dérbi de Portugal, mas era necessário acertar nas balizas. A bola rondava as zonas de ação de Bruno Varela e Hornicek, mas nunca com perigo suficientemente forte para disparar o coração das duas fações minhotas.
Só perto do final, quando Carlos Carvalhal decidiu arriscar um pouco mais e mexeu no onze, com a entrada de Racic, o SC Braga cresceu para níveis aceitáveis para um quarto classificado. Podia ter marcado, sim, podia, mas talvez fosse um pouco injusto se pensarmos naquilo que se passara nos 70 ou 80 minutos anteriores. E pertinho do fim, foram de novo os conquistadores a ficar muito perto de marcar, numa bela jogada de Vando Félix e remate ligeiramente desenquadrado de Chucho Ramírez. Seria colocar um pouco de justiça no rendimento das duas equipas.