
Depois de um jogo tenso entre Fenerbahçe e Galatasaray (0-0) a 24 de fevereiro, o clube rival disse que iria processar José Mourinho, acusando o treinador português de atitude racista.
Após o dérbi de Istambul, Mourinho disse que os jogadores no banco do Galatasaray tinham «estado a saltar como macacos» para pressionar o árbitro a expulsar um dos seus jogadores, acusação que alargou ao treinador Orkan Buruk. Declarações que, manteve, foram tiradas de contexto.
Mourinho defendeu-se então e agora numa entrevista à Sky Sports a propósito da eliminatória com o Rangers para a Liga Europa.
«Eles [Galatasaray] não foram inteligentes na forma como me atacaram, porque não conheciam o meu passado. Não conheciam as minhas ligações a África, ao povo africano, aos jogadores africanos e às instituições de caridade africanas. Por isso, em vez de ser contra mim, acho que se virou contra eles. E só pensei ‘como puderam descer tão baixo?’», começou por analisar.
Ele próprio respondeu também com uma ação judicial contra o Galatasaray, pedindo uma indemnização de cerca de 50 mil euros.
«Toda a gente sabe quem eu sou como pessoa, conhece os meus defeitos, mas esse não é um deles. Exatamente o contrário. O mais importante é que eu sei quem sou e o ataque de acusação de racismo foi uma má escolha», acrescentou.
Prova disso são as defesas da sua honra que se seguiram: o antigo avançado da Costa do Marfim, Didier Drogba – que até jogou no Gala -, e o antigo médio do Gana, Michael Essien, que foram ambos seus jogadores no Chelsea, saíram em sua defesa.
«Agradeço às pessoas que não tiveram problemas em falar, especialmente os meus rapazes, os meus antigos jogadores. Foram uma voz muito importante. Acho que até recebi apoio de pessoas que não gostam muito de mim», afirmou Mourinho.
O canal pergunta-lhe se, em retrospetiva, se arrepende das palavras que usou e acabou por abanar a cabeça: Não posso descer ao nível dele [Buruk]. Por vezes, faço-o e pergunto a mim próprio: 'Porque é que fizeste isso, José? Porque é que desceste a esse nível?’ Foi muito triste.»
Na sequência desse jogo, o treinador português foi suspenso por quatro jogos - além das acusações de racismo também falou da da arbitragem — disse que, se fossem árbitros turcos, a arbitragem teria sido um desastre – mas acabou por ver o castigo reduzido para dois.
Sobre esta redução, o treinador também teve algo a dizer: «No dia em que foi decidido o castigo de quatro jogos, veio a público que o chefe da comissão disciplinar estava a festejar entre amigos com uma camisola do Galatasaray. Aqui é que se percebe a dimensão da coisa.»