Na nova realidade global, naquilo a que muitos intitulam de ‘’aldeia global’’ (apoiada numa mobilidade nunca antes vista, nas novas tecnologias de comunicação e informação e nas novas formas de trabalho e de vida muito mais flexíveis, no ecosistema digital e na inteligência artifical), o talento não conhece fronteiras.
Mas isso não significa (nem devería significar) que perca o vínculo com o seu país de origem. Nas últimas décadas, Portugal tem assistido à saída para o mundo de milhares de jovens altamente qualificados em busca de mais e melhores oportunidades. No entanto, e muito contrária à ideia de que estamos a perder a energía vital e a enorme motivação deste talento jovem, há uma outra forma de olhar para o fenómeno: a de que “o talento vai, mas não parte”. Apesar destes jovens não estarem dentro das “fronteiras” portuguesas, não significa que não tenham a firme vontade de contribuir com o seu entusiasmo, os seus projetos e as suas ideias.
É com esta visão que nasce a Diáspora Jovem, uma iniciativa do Conselho da Diáspora Portuguesa que reúne jovens portugueses que vivem fora do país, com percursos de excelência nos mais variados campos de atividade em empresas, universidades e centros de investigação de renome. Estes Jovens Conselheiros são o exemplo concreto do melhor que Portugal tem para dar ao mundo e pontes vivas entre o nosso país e o futuro que queremos construir.
Desde a sua integração no Conselho da Diáspora Portuguesa, estes jovens já lançaram iniciativas com impacto real, como o LusoLab – um podcast dedicado a mostrar as realidades e experiêcias de alguns dos melhores profissionais portugueses com carreiras além-fronteiras. A primeira temporada, que teve início com o testemunho de José Manuel Durão Barroso como convidado, termina agora. A próxima edição está prevista já para o mês de maio. Os Jovens Conselheiros estão também a trabalhar num programa de mentoria, para partilhar o conhecimento das gerações mais estabelecidas com os jovens que procuram internacionalizar as suas carreiras. Estes são dois exemplos do empenho deste grupo em retribuir ao país aquilo parte daquilo que o país lhes deu: uma base sólida sobre a qual puderam crescer.
Portugal deve ver a saída de jovens qualificados como uma oportunidade e não como uma perda. O talento que parte não corta laços – amplia horizontes. E quando o país se organiza para manter esse talento ligado, para lhes dar voz e espaço de concretização, o resultado é um país mais resiliente, mais aberto ao mundo e mais preparado para futuro.
É necessário olhar para esta Diáspora Jovem com uma visão estratégica pois eles são a prova de que a geração que parte, não abandona, quer de facto permanecer e contribuir com dinamismo, com conhecimento adquirido aqui e lá e com o compromisso inequívoco que nutre pela pátria-mãe.
Portugal deve manter-se presente nos seus percursos e investir com confiança e otimismo nestes jovens, porque “quando o talento português triunfa lá fora – e decide retribuir – Portugal ganha cá dentro” .
António Calçada de Sá,
Presidente da Direção do Conselho da Diáspora Portuguesa