A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) aprovou esta quarta-feira, com um voto contra, o primeiro corte de juros, descendo a taxa de referência em 50 pontos-base (meio ponto percentual). O intervalo da taxa diretora caiu de 5,25% a 5,5% para 4,75% a 5%.
A equipa chefiada por Jerome Powell optou por um corte mais robusto, em linha com as previsões no mercado que, esta tarde, apontavam para uma probabilidade de 63% para uma descida de meio ponto percentual, como veio a acontecer.
A Fed considerou que, agora, dispõe de “maior confiança” em relação à trajetória de desinflação “sustentada” na economia norte-americana em direção à meta de 2%, com as projeções dos participantes no comité de política monetária a apontarem para 2% em 2026.
As projeções divulgadas esta quarta-feira apontam para uma taxa de referência no final do ano em 4,4% (no meio do intervalo), descendo para 3,4% no próximo ano. O que pressupõe que o intervalo desça para 4,25% a 4,5% no final do ano, segundo nove dos membros do sistema da Fed que tem 19 participantes, ainda que só 12 votem em cada reunião. Um grupo de sete antecipa uma descida mais modesta para 4,5% a 4,75%.
As bolsas de Nova Iorque estão a negociar em terreno positivo, mas com fortes oscilações.
Quando as bolsas fecharam na Europa esta tarde, os índices norte-americanos estavam a negociar no vermelho, mas à medida que se aproximava a hora da decisão da Fed inverteram a trajetória para se situarem em terreno positivo, mas sem grande entusiasmo, ligeiramente acima da linha de água.
As bolsas na Ásia Pacífico fecharam esta quarta-feira com uma perda ligeira de 0,09% e as praças europeias registaram uma quebra maior de 0,62%, segundo os índices MSCI respetivos.
A decisão do banco central norte-americano é tomada depois de um ciclo de subida dos juros entre março de 2022 e julho de 2023 para responder ao surto inflacionista. A equipa liderada por Jerome Powell decidiu aumentar a taxa de referência em 500 pontos-base (cinco pontos percentuais) durante aquele período subindo-a do mínimo entre 0% e 0,25% para 5,25% a 5,5%, nível em que se manteve até esta quarta-feira. A Fed define a taxa diretora num intervalo.
Em termos comparativos com o Banco Central Europeu (BCE), a equipa dirigida por Christine Lagarde iniciou o ciclo de subidas mais tarde, em julho de 2022, e terminou-o, também mais tardiamente, em setembro de 2023. A dimensão do aumento pelo BCE foi inferior ao aprovado pela Fed, somando 450 pontos-base (4,5 pontos percentuais). A taxa de refinanciamento do BCE subiu do mínimo de zero por cento para 4,5%, em que se manteve até junho.
O BCE iniciou o processo de corte de juros em junho deste ano e reforçou-o na mais recente reunião de 12 de setembro. A equipa de Lagarde já desceu 85 pontos-base a taxa de refinanciamento e 50 pontos-base a taxa de remuneração pelo PCE dos depósitos dos bancos comerciais no que se designa por “facilidade de depósito permanente”. Depois das decisões de 12 de setembro, as taxas do BCE estão em 3,65% para o financiamento e 3,5% para a remuneração de depósitos, que o banco agora considera ser a taxa de referência da política monetária na zona euro.