O excedente da China nas trocas comerciais com o resto do mundo fixou-se nos 170,52 mil milhões de dólares (156 mil milhões de euros) nos primeiros dois meses do ano.

As alfândegas da China publicam os dados comerciais para janeiro e fevereiro em conjunto, a fim de evitar qualquer distorção decorrente da semana de férias do Ano Novo Lunar, que calha todos os anos em dias diferentes.

"O crescimento das exportações arrefeceu nos primeiros dois meses de 2025, com a antecipação das taxas a dar menos impulso à procura do que tínhamos previsto", afirmou Julian Evans-Pritchard, da consultora Capital Economics.

"Esta desaceleração ocorre antes de qualquer impacto substancial das taxas, o que quase certamente levará a quedas acentuadas nas exportações para os EUA em breve", disse.

O abrandamento das importações sugere que o aumento da procura impulsionado pelas despesas do governo, no final do ano passado, "já se inverteu parcialmente", indicou Evans-Pritchard.

Esta semana, entrou em vigor o segundo de dois aumentos de 10% nas taxas impostas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações da China, o que deverá afetar as exportações chinesas nos próximos meses.

Os compradores e os fornecedores chineses apressaram-se a concluir os negócios, visando evitar o impacto das taxas.

As autoridades chinesas manifestaram confiança na capacidade de resistência da economia e no facto de o comércio com outros países poder ajudar a compensar as eventuais reduções das exportações para os EUA após a entrada em vigor das taxas. Pequim afirmou ainda que está aberto a conversações com Washington numa base de respeito mútuo.

No ano passado, as exportações ajudaram a China a atingir a sua meta de crescimento económico de 5%. Pequim voltou a fixar o objetivo em cerca de 5%, apesar das incertezas quanto às perspetivas comerciais para este ano.

As exportações para os EUA cresceram 2,3%, em termos homólogos, em janeiro-fevereiro, enquanto as exportações para a União Europeia e o Japão cresceram apenas 0,6% e 0,7%, respetivamente. As exportações para a Rússia caíram 10,9%.

A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) continuou a ser o maior parceiro comercial da China, com as exportações a crescerem 5,7%, em termos homólogos.

"Embora não se deva dar muita importância a alguns meses de dados, a repartição levanta questões sobre como as tendências de exportação podem mudar quando as taxas começarem a afetar os EUA também", disse Lynn Song, da ING Economics, num relatório.

"Com as taxas a entrarem em vigor em fevereiro e março, é provável que o impacto se faça sentir gradualmente nos próximos meses", afirmou.

 

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