"O serviço aos homens por parte de um líder empresarial não está em dar a empresa aos pobres, tão-pouco está em, generoso e indefeso, imolar a empresa no contexto competitivo. O serviço, o amor que lhe é pedido consiste em tornar sustentável a empresa que lhe está confiada no preciso contexto concorrencial que a realidade lhe propõe e, assim, promover o desenvolvimento da comunidade humana que dela depende."

A frase é retirada da apresentação de O Amor como Critério de Gestão, que António Pinto Leite publicou em 2012. Advogado, árbitro e sócio fundador da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva, o presidente do Conselho Estratégico da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) continua a defender que é preciso coração para liderar uma empresa. Porque, afinal, as empresas se fazem de pessoas, servem pessoas e impactam as vidas das pessoas, há um desafio que se põe a "investigadores, cientistas da economia e da gestão, líderes empresariais, ao mundo do trabalho, à juventude que está a chegar à vida profissional, aos líderes sociais em geral". E isso passa por assumir que o amor desempenha um papel numa estrutura empresarial e que faz sentido "falar de amor dentro das empresas, dentro da economia", podendo essa simples mudança produzir efeitos transformadores em toda a sociedade.

Pinto Leite não está sozinho. Grandes líderes corporativos globais defendem, sem complexo, que a gestão beneficia de ter um soft spot. É o caso de Joel Manby, ex-CEO dos parques temáticos americanos SeaWorld e antigo presidente da maior empresa familiar de entretenimento, a Herschend Family Entertainment, que afirma que "o amor é um bom princípio de gestão e liderança", no sentido em que um líder de valor reúne características que despertam não no cérebro mas no coração: "perdoar, entregar, dedicar aos outros, ajudar, confiar".

É também o coração que guia muitas das decisões no nosso dia-a-dia. A ligação que se estabelece com uma marca ou produto, os mercados da saudade, constroem-se em cima do amor — o que ajuda a explicar o sucesso dos conceitos criados por Catarina Portas, A Vida Portuguesa, Uma Casa Portuguesa ou os Quiosques de Refresco, que levaram produtos nacionais além-fronteiras e deram até á sua autora uma distinção na revista britânica Monocle como uma das 20 figuras a nível mundial que "merecem um palco maior".

Os dois vão estar em palco, a convite da Fundação Santander Portugal, para a estreia das Beyond Profit Talks, uma iniciativa que pretende abrir debate sobre temas de enorme relevância, capazes de trazer um elemento transformador à economia e à sociedade, com impacto direto nas comunidades mais próximas das empresas. Podem as decisões de gestão tomadas com mais coração trazer o sucesso que procuram? Numa conversa aberta e descontraída com moderação de Martim Sousa Tavares, que vai poder seguir aqui, no SAPO.pt, conhecerá o verdadeiro potencial do amor na cultura organizacional corporativa.

A primeira de uma série de talks que pretendem mostrar que "o impacto social não acontece sem ação... e para haver ação é preciso conciliar ideias e unir vontades", acontece já às 13.00 desta quarta-feira, no Auditório do Santander. E pode acompanhar tudo em direto ou guardar para ver mais tarde, aqui no SAPO.​