"A greve de hoje tem tido um impacto menor do que na última greve, registando-se menos de metade da adesão face à última", afirmou à agência Lusa João Santos, diretor European Seafood Investments Portugal (ESIP).

O responsável adiantou que, no primeiro turno do dia, 12% dos trabalhadores aderiram à greve, apontando para uma adesão média de 7% ao longo do dia nos vários turnos.

O SINTAB - Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, que convocou a greve, não deu quaisquer dados da adesão.

Os trabalhadores reivindicam 15% ou um mínimo de 150 euros de aumentos salariais, redução do horário de trabalho das 40 para as 35 horas de trabalho, implementação do sistema de diuturnidades e aumento de 22 para 25 dos dias de férias, afirmou a trabalhadora e dirigente do SINTAB Mariana Rocha à Lusa.

Os trabalhadores voltam a lutar pela renegociação do contrato coletivo de trabalho (CTT), que dizem que não é revisto desde 2017.

Mariana Rocha explicou que, apesar de cada operário trabalhar oito horas diárias, "a jornada de trabalho prevista no atual CTT é das 07:00 às 20:00, mas "a empresa não o cumpre", criando turnos, e não querendo aplicar quaisquer aumentos salariais enquanto estes não aceitarem aumentar a jornada "das 06:00 às 22:00".

"Numa fábrica em que a maioria dos trabalhadores são mulheres é muito desestabilizador e os trabalhadores não estão disponíveis para perder esse direito e para aceitar, porque querem é a redução e não o aumento da jornada de trabalho", acrescentou.

Confrontado pela Lusa, o diretor da empresa disse que a administração está "bastante sensível" às reivindicações dos trabalhadores, remetendo-as para o processo de negociação da revisão do CTT que sindicatos e Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe mantêm desde há três anos, com mediação do Ministério do Trabalho.

João Santos mostrou-se favorável à revisão do CTT, por defender que este "não está adaptado à realidade laboral e possui pontos obsoletos", dando o exemplo do facto de não prever turnos depois das 20:00, quando o horário noturno é melhor remunerado.

"Isso retira-nos competitividade face a outras economias estrangeiras", justificou.

A ESIP, a maior fábrica de conservas de peixe de Peniche, no distrito de Leiria, e uma das maiores do país, possui cerca de 800 trabalhadores.

FCC // JNM

Lusa/Fim