Num discurso durante o congresso do Partido Trabalhista, a decorrer em Liverpool, Starmer usou um tom mais otimista depois de ter alertado nas primeiras semanas do mandato para o mau estado das finanças públicas. 

"Se tomarmos agora decisões difíceis a longo prazo", disse, a "luz ao fundo do túnel (...) chegará muito mais rapidamente". 

Starmer admitiu "que muitas das decisões que temos de tomar serão impopulares" mas garantiu que "o custo de preencher esse buraco negro nas nossas finanças públicas será partilhado de forma justa", rejeitando um regresso à austeridade aplicada por governos anteriores do Partido Conservador.

"Reconstruiremos os nossos serviços públicos, protegeremos os trabalhadores e fá-lo-emos à maneira dos Trabalhistas. E isso é uma promessa", vincou.

Entre as prioridades do Governo enumerou o crescimento económico, a reforma do Serviço Nacional de Saúde e a redução das listas de espera nos hospitais, mais segurança, menos imigração e a transição para energias renováveis.

Para atingir alguns destes objetivos, Keir Starmer reconheceu que será necessário que os britânicos façam concessões, como aceitar a construção nas proximidades de novas prisões, casas ou torres de alta tensão elétrica e dar asilo a imigrantes. 

"Dizem que não somos capazes de concretizar a renovação nacional - mas somos e vamos fazê-lo", prometeu.

O discurso do primeiro-ministro no primeiro congresso em 15 anos com um governo trabalhista no poder foi aguardado com expetativa, depois de algumas semanas difíceis. 

Nos últimos dias, a comunicação social britânica deu conta de querelas internas dentro do governo e revelou que vários ministros, incluindo Starmer, receberam roupa, bilhetes para espetáculos e outros benefícios no valor de milhares de euros. 

As sondagens sugerem que os índices de popularidade de Starmer caíram a pique e que o otimismo do público em relação ao Governo diminuiu.

Starmer ganhou as eleições com a promessa de pôr fim a anos de turbulência e escândalos sob os governos conservadores, fazer crescer uma economia estagnada e restaurar os serviços públicos desgastados, como o Serviço Nacional de Saúde.

No entanto, o chefe do governo diz ter encontrado para um "buraco negro" de 22 mil milhões de libras (26 mil milhões de euros) nas finanças públicas, deixado pelo governo conservador, e avisou que "as coisas vão piorar" antes de melhorarem. 

Uma das primeiras decisões tomadas após as eleições de 04 de julho foi eliminar um subsídio estatal de cerca de 250 libras (300 euros) a reformados para o aquecimento durante o inverno, limitando-o apenas àqueles com menores rendimentos. 

A medida foi criticada pela oposição, sindicatos e internamente, por muitos membros do próprio partido Trabalhista.  

Na imprensa especula-se que o orçamento de Estado que será apresentado a 30 de outubro inclua aumentos de impostos e cortes na despesa pública. 

Sem dar pormenores, Starmer afirmou hoje que "será difícil a curto prazo, mas a longo prazo é a coisa certa a fazer" pelo Reino Unido.

BM // APN

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