"Não tatuo a pele, tatuo a alma". É assim que Sofia Dinis (conhecida pelo traço fino) se descreve no seu site, onde conta que em 2017 perdeu a casa onde vivia e o trabalho como designer, tendo sido obrigada a regressar à casa da mãe, em Albufeira. Refere ainda que voltou a Lisboa, "com apenas 30 euros no bolso", ficou na casa de uma amiga e foi aí que fez nascer o sonho de ser tatuadora. Mas será tudo isto uma teia de ilusões? É que agora vê-se envolvida numa (grande) polémica.

Quando o site do Fama Show falou com pessoas que a seguem na sua conta de Instagram (que tem 124 mil seguidores), muitas disseram que "não tinham tatuado com ela, mas gostavam" de o fazer, ainda alheios às várias acusações de que a “terapeuta e tatuadora sistémica” de 40 anos tem sido alvo nos últimos meses.

Em janeiro deste ano, a página "Sofia Dinis a Impostora" começou a publicar "alegadas histórias da tatuadora mestre na arte de enganar e manipular as pessoas que cruzam o seu caminho". As acusações vão desde a falta de pagamento aos colaboradores pelos seus serviços a roubo de direitos de autor, com a página a comparar imagens das supostas "tatuagens de autora" com imagens do Pinterest.


Alguns dos testemunhos publicados na referida página alegam que lhes foi dado um valor pela tatuagem e acabaram por pagar o dobro. E foi exatamente isso que Madalena Monteiro alega que lhe aconteceu. Em declarações ao site do Fama Show, a jovem de 27 anos recorda a tatuagem que fez com Sofia em 2019. "Ela fez o desenho, fiquei a aguardar com o meu namorado, depois mostrou-me, eu gostei e avançámos", começa por contar, referindo que a tatuagem foi feita num estúdio no Restelo.

"Fomos para a sala tatuar. Ela contou toda a história que agora percebo que conta a toda a gente e que é mentira, mas na altura achei incrível a história de superação. Contei a história da minha tatuagem porque é uma homenagem em vida aos meus avós. Quando terminámos, tinha o orçamento de 150 euros, mas a tatuagem ficou a 300 euros… Custou-me imenso porque na altura estava na faculdade, mas era o que era, não achei estranho. Só agora percebo que claramente fui só mais uma pessoa enganada com essa situação", recorda.

Madalena, que também falou sobre o assunto num dos episódios do seu podcast 'Mais do Mesmo', explica ainda que esperou cerca de "meia hora" quando chegou ao estúdio. Já Ana (nome fictício), de 30 anos, terá esperado mais tempo e conta que a sua experiência ficou aquém das expectativas. "Encontrei o Instagram dela e fiquei logo deslumbrada com o perfil e com aquilo que ela transmitia. Pensei logo que as minhas primeiras tatuagens teriam de ser com a Sofia Dinis", afirma.

"Enviei-lhe uma mensagem, no início do verão de 2019, para tentar a sorte de ter um agendamento. A Sofia disse que ainda não tinha uma agenda aberta e que teria de ficar atenta aos stories pois brevemente iria publicar. Quando saiu a abertura tive de preencher um formulário e, segundo a Sofia, apenas as melhores histórias descritas seriam selecionadas para tatuar. Fui 'selecionada'", conta, destacando que teve de "aguardar mais seis meses" pois só nessa altura é que haveria vaga. "Eu resolvi esperar e aceitei essa data longínqua, mas tive de dar logo um sinal de 100 euros, se não estou em erro", sublinha.



"Tive de pagar 700 euros em sessões de laser para remover uma tatuagem"

Ana explica que chegou "uns 10 minutos antes" da hora marcada à casa de Sofia, "onde esta tatuava", e foi recebida por um colaborador. "Pediu-me para aguardar pois a Sofia 'mais uns minutinhos e descia logo'. Esperei mais de uma hora que a Sofia resolvesse descer do seu quarto. Quando finalmente desceu fez-me o desenho das duas tatuagens em dez minutos e seguimos para o estúdio (que era um canto da sua sala). Passou a sessão a falar de si própria. No final, paguei o restante valor acordado (sempre tudo em dinheiro e MB Way, sem fatura)", relembra.

"Antes de ir embora, a Sofia pergunta-me se eu tinha interesse em fazer mais tatuagens com ela e eu disse que sim. Qual o meu espanto quando começo a receber emails dela semanalmente com vagas que ela tinha em aberto para ocupar, sendo que no Instagram ela 'vende' que só tem vagas daqui a não sei quantos meses. Tudo uma jogada de marketing. Resultado das tatuagens: detestei uma delas, que eram os meus dois gatos, onde as caras estavam completamente tortas. Tive de pagar 700 euros em sessões de laser para remover uma tatuagem que já me tinha custado 200 euros e era super pequena. Foi aí que comecei a perceber que nem tudo era como ela queria fazer transparecer", revela.


"Não tenho nada a apontar"

Por outro lado, Bárbara Leitão, de 28 anos, teve uma experiência mais positiva, em 2020. "Eu preenchi um questionário para conseguir ter uma vaga porque supostamente ela escolhia consoante a tua história. Contei-lhe a minha história com o meu falecido gato e enviei uma fotografia de nós os dois porque era isso que queria tatuar", afirma, referindo que esperou cerca de três meses para fazer a tatuagem. "Para ter direito a uma vaga tinha de pagar um valor em três horas", esclarece, referindo que no seu caso foi de "50 euros".

"Correu tudo bem durante a tatuagem. Não tenho nada a apontar. O valor que me foi dito foi o que foi cobrado: 300 euros. Eu já estava à espera desse valor porque na altura era uma tatuadora muito procurada. A única coisa que me deixou mais 'triste' foi ela partilhar vários trabalhos e nunca ter partilhado o meu", sublinha, acrescentando que a tatuadora chegou a fazer uma sessão fotográfica, tal como a mesma refere no site.

O site do Fama Show tentou entrar em contacto com Sofia Dinis por chamada, SMS e email, mas até ao momento da publicação deste artigo não obteve qualquer tipo de resposta. As redes sociais da tatuadora continuam ativas, mas os comentários estão desativados nas publicações.