Nos últimos tempos, Pedro Chagas Freitas tem vivido um verdadeiro pesadelo com a doença do filho Benjamim. Recorde-se que a criança já foi operada cinco vezes e continua a precisar de cuidados médicos.
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Em mais um desabafo nas redes sociais, o escritor português falou sobre o processo de crescimento a que se tem submetido durante esta experiência. Ora, leia:
Custa tanto. Todos os dias, a expectativa de que será hoje a notícia, o alívio. Não é, não foi. O caminho tem pedras, calhaus, pedrinhas e pedregulhos, pedaços de minas abandonadas, buracos mais ou menos profundos, surpresas ao virar da esquina. Só não tem o final à vista. Há sempre novidades que nos atrasam a viagem, que ferem o sorriso que queremos voltar a construir. Estou farto de novidades, de pormenores que falta expurgar, corrigir, aperfeiçoar. A culpa não é de ninguém, eu sei. Às vezes a vida tem de ser isto, um labirinto intrincado, complexo, carregado de nevoeiro onde outrora havia sol, uma nitidez inocente, cândida. A dor é nossa, isso também sei. Ficamos dentro de um colete de forças, ou de falta delas, à espera de que a solução aconteça. Vai acontecer. Dói até ao começo de nós. Estou tão carente de mimo, de colo, das pessoas que amo. Temos aqui tudo o que podemos ter, mas há fios, máscaras, tubos, tubinhos, e sobretudo medos, pelo meio, por mais que não permitamos que nada nos aparte. Estou a milhas de ser a pessoa que fui, e nunca fui uma pessoa tão grande como sou agora. Cresci, desapareci, aprendi, refundei-me. Sei o que mais me interessa, e só lamento não ter sabido antes. Teria deixado de perder tempo, tinha vivido uma história diferente, mais minha, menos desviada, e desviante. Falhei, fiquei a meio, fui vulgar. Magoei, magoei-me. Que merda. Só quero que isto passe para fazer do que me resta muito mais do que o resto. Só preciso de um perdão com futuro dentro, de uma oportunidade de vida comum. Eis tudo o que peço.