
Durante décadas, as motos desportivas de quatro cilindros em linha dominaram o mercado, oferecendo uma combinação irresistível de potência, som inconfundível e desempenho de topo. No entanto, com a evolução das preferências dos consumidores, o segmento começou a inclinar-se para motores mais compactos e eficientes, como os bicilíndricos paralelos e os tricilíndricos. Ainda assim, os fabricantes chineses parecem estar a desafiar esta tendência, trazendo de volta os icónicos motores de quatro cilindros em modelos de média cilindrada.
Aposta da Voge no segmento desportivo
A Voge, uma subsidiária da gigante chinesa Loncin, tem vindo a expandir a sua presença no mercado europeu e agora apresenta um modelo que poderá reacender o entusiasmo pelos quatro cilindros: a RR660S. Esta moto desportiva de 662,8cc promete aproximadamente 100 cavalos de potência e 74 Nm de binário, inserindo-se no segmento das médias cilindradas.
O design da RR660S remete para as linhas agressivas e aerodinâmicas dos desportivos mais emblemáticos, ainda que com uma certa familiaridade estética a modelos já conhecidos. A tecnologia embarcada é extensa, oferecendo os mais recentes sistemas de assistência e segurança, embora muitos motociclistas acabem por não explorar a totalidade dessas funcionalidades.
Uma nova Era para os quatro cilindros?
O regresso dos motores de quatro cilindros a este segmento pode ter múltiplas explicações. Por um lado, há o fator nostalgia – muitos entusiastas das duas rodas associam os motores de quatro cilindros em linha a algumas das motos mais icónicas da história. A suavidade de funcionamento, o som característico e a explosão de potência nas rotações mais altas continuam a ser argumentos fortes.
Por outro lado, há um fator económico e estratégico. A engenharia e o design destes motores já estão amplamente documentados e disponíveis, tornando relativamente fácil para novos fabricantes desenvolverem modelos baseados em plataformas já existentes. A crescente aposta de marcas como a QJ Motor, CFMoto e agora a Voge sugere que a China vê nos quatro cilindros uma oportunidade para conquistar um público mais exigente e cimentar a sua posição no mercado global.
Tendência ou estratégia?
A grande questão que se coloca é se estamos perante um verdadeiro renascimento do motor de quatro cilindros, ou apenas uma jogada comercial para testar a aceitação do público. Enquanto marcas tradicionais como a Kawasaki e a Honda ainda mantêm alguns modelos equipados com esta arquitetura – como a Ninja ZX-6R e a CBR650R –, a grande maioria das novas propostas, como a Yamaha YZF-R7 ou a Triumph Daytona 660, opta por soluções mais compactas e económicas.
Será que os motociclistas vão abraçar esta nova vaga de desportivas de quatro cilindros da China, ou continuarão fiéis às marcas mais estabelecidas? A resposta dependerá do equilíbrio entre desempenho, fiabilidade e preço que estas novas propostas conseguirem oferecer.