O festival, este ano, leva o tema 'Depois de tudo', decorrerá em vários espaços culturais da capital espanhola até 14 de setembro, contando com meia centena de exposições de artistas, fotógrafos e fotojornalistas de várias nacionalidades.

Entre os artistas convidados para a secção oficial estão Rui Ochôa e Nélida dos Santos Azevedo, com dois projetos distintos mas ambos enraizados nas questões da história e identidade.

Entre 18 de junho e 16 de julho, o Ateneu de Madrid acolhe a exposição 'Rui Ochôa. 74-99', um olhar fotográfico sobre os primeiros 25 anos de democracia em Portugal.

Integrada nas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, a exposição reúne algumas das imagens mais emblemáticas do fotojornalista, que foi diretor de fotografia do jornal Expresso entre 1989 e 2008.

O percurso expositivo abrange figuras centrais da política, da cultura e da sociedade portuguesa, ao mesmo tempo que retrata os próprios cidadãos e os movimentos sociais que moldaram o país.

Com um olhar simultaneamente artístico e documental, a exposição sublinha os paralelismos históricos entre Portugal e Espanha no caminho para a democracia, evocando temas como a liberdade, os direitos sociais e a construção da memória coletiva.

O Centro de Arte Complutense, também em Madrid, acolherá 'Marimbar', projeto da artista visual luso-angolana Nélida dos Santos Azevedo - vencedora do prémio Descobertas PHE24 - no final do festival, entre 04 e 28 de setembro.

A exposição parte de uma reflexão sobre o sentimento de pertença e o trauma colonial, combinando imagens de arquivo pessoal com registos contemporâneos.

"A minha pele é branca para os negros e a minha cultura é negra para os brancos. Cresci num mundo que não me aceitava em nenhuma delas", afirma a arista num texto sobre a exposição.

A obra de Nélida dos Santos Azevedo explora as marcas do passado colonial e as interligações entre África e América através da diáspora.

O título da exposição faz referência à marimba, instrumento musical angolano que atravessou o Atlântico no século XV, e cuja palavra, "marimbar", perdeu o seu significado original em Portugal.

Neste trabalho, a artista propõe-se resgatar essas camadas de história esquecida, dando visibilidade a narrativas silenciadas.

Ambas as exposições estão integradas na secção oficial do PhotoEspaña 2025 e oferecem perspetivas complementares sobre as heranças políticas, culturais e afetivas que moldam a contemporaneidade, convidando o público a revisitar a história e a questionar a sua representação.

O festival internacional dedicado à fotografia irá promover um programa paralelo, com várias atividades, desde debates a apresentação de edições.

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