Este ano a APDPróstata celebra 20 anos de atividade. Quando surgiu a ideia de criar a associação?

A iniciativa de criar uma associação que tivesse como objetivo principal alertar os homens para a necessidade de acompanharem clinicamente a saúde da sua próstata, sobretudo a partir dos 45/50 anos de idade, surgiu de um grupo de doentes da próstata, a maioria militares das Forças Armadas, que habitualmente se encontravam na consulta de Urologia do antigo Hospital Militar da Estrela em Lisboa. Ao longo das várias consultas a que tiveram de recorrer nesse Hospital foram desenvolvendo relações entre eles e tomando conhecimento que o pior problema de saúde da próstata – cancro – tem maiores possibilidades de ser tratado, se o mal for identificado bem no seu início. As consultas a que este grupo tinha de comparecer ocorreram nos anos de 2002 e 2003 e seguintes. Foi nessa época que o Senhor Tenente-General António Pereira Pinto tomou a iniciativa de congregar um grupo de doentes usuários do Departamento de Urologia daquele Hospital e formar uma Associação. Foi desse grupo, liderado pelo Sr. General Pereira Pinto, que nasceu a Associação Portuguesa de Doentes da Próstata, que veio a ser oficialmente registada em maio de 2003, após a primeira Assembleia Geral, na qual foram definidos os objetivos e a base dos Estatutos, assim como foi nomeada a Comissão Instaladora. A 17 de junho de 2003 foi lavrada a escritura pública (publicada no Diário da República em 26 de agosto de 2003).

Fazendo um balanço, como caracteriza os últimos 20 anos?

Os primeiros anos de atividade foram caracterizados pela realização de sessões públicas, um pouco por todo o País, com a colaboração de Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e outras entidades locais. Realizámos essas sessões nas principais capitais de distrito de Norte a Sul, sempre com comunicação pública das datas, das horas e do local onde iam ser realizadas. Em todas as sessões tivemos um médico urologista, que abordava as questões do âmbito médico, cabendo-nos a nós falar apenas sobre a Associação e o seu principal objetivo. Recentemente, temos estado mais concentrados no desenvolvimento do nosso website e numa presença ativa no Facebook.

“… uma das maiores dificuldades tem sido a angariação de novos associados, particularmente nas faixas etárias mais jovens (entre os 40 e os 55 anos)”

O percurso não deve ter sido sempre linear. Quais foram as dificuldades que foram sentindo neste percurso?

Desde o início que uma das maiores dificuldades tem sido a angariação de novos associados, particularmente nas faixas etárias mais jovens (entre os 40 e os 55 anos), pelo facto de nessas faixas etárias haver mais iniciativa e facilidade de recorrer à Internet e encontrar com facilidade muitas das respostas que no início da nossa atividade eram procuradas junto da nossa Associação. Cativar essas faixas etárias é para nós um desafio que permanentemente está dentro do nosso horizonte de novas ideias, novas abordagens e novas iniciativas que despertem maior atenção.

Quando nasceu a APDPróstata, imaginavam que a associação iria crescer desta forma?

Não tínhamos grandes horizontes de crescimento no início da Associação, mas esse desejo de crescimento permanece nos nossos planos, pois continua a ser um dos nossos objetivos permanentes.

“Os problemas mais graves que podem afetar a saúde da próstata desenvolvem-se no início muito lentamente”

Sentem que o vosso papel ativo para contribuir para a consciencialização para o cancro da próstata tem vindo a fazer a diferença em Portugal?

Sim. Temos a sensação que se hoje os homens em geral estão mais atentos aos sinais de possível cancro da próstata, isso deve-se em grande parte aos nossos esforços nesse sentido. Apesar das limitações em termos de recursos financeiros, temos feito e continuaremos a fazer um esforço permanente para alertar os homens adultos para a necessidade de acompanharem a saúde da sua próstata, recorrendo a conselho nosso a uma consulta anual e realização de testes básicos (PSA). Os problemas mais graves que podem afetar a saúde da próstata desenvolvem-se no início muito lentamente. Esse facto pode levar os homens a ignorarem que algo de mal possa a acontecer com a sua próstata e só se darem conta desse mal mais tarde, quando por vezes já é tarde demais.

Oque ambicionam para o futuro?

Uma maior divulgação da necessidade de acompanhar a saúde da próstata a partir dos 45/50 anos de idade. Para isso, a Comunicação Social em geral (TV, Rádio e Imprensa escrita) poderia dar mais atenção a esta doença que surge nos homens.

Texto: Maria João Garcia