As habituais filas à porta são diárias e ocupam a berma da movimentada N9 (também referenciada como rua Elias Garcia), em Ranholas, que afunila o IC19 em direção a São Pedro de Sintra. A razão destas romarias é justificada por uma ementa recheada de petiscos corajosos como a “Bifana de Ranholas”, a “Sandes da patroa”, a “Sandes de cozido à portuguesa” ou a “Sandes de pernil”. Foram estas propostas que deram fama ao pequeno espaço que se anuncia como Cabra Macho desde março de 2023.
Juntam-se à lista de quase duas dezenas de sandes, petiscos variados, entre “Croquetes”, “Ovos verdes com presunto”, “Peixinhos da horta” (€5,30), “Jaquinzinhos com limão do vizinho” (€4,40), “Moelinhas” ou “Chouriço assado à tuga”, e ainda pratos mais mais substanciais anunciados como a “Tapa do Macho (€7,80), com pernil assado ”durante a noite na lenha do vizinho, com puré de batata".
Foi a falta de espaço para acomodar tantos comensais que levou ao alargamento do conceito à loja do lado e ao piso superior da casa onde se instalaram. A expansão foi também geográfica com os proprietários do Cabra Macho, Simão Lima, a mulher Sarah, e o irmão Duarte, a transformarem, na Portela de Sintra, o restaurante Velho Oeste. Foi dividido ao meio, acomodando agora o Cabra Macho Quiosque, com porta independente, para servir as mesmas sandes da tasca original. Agora, no início de 2025, os proprietários voltam a expandir o conceito, mas para o piso de cima do primeiro restaurante, onde desde setembro funcionava a Cabra Macho Cervejaria.
Em vez de 30 lugares, os clientes do Cabra Macho passam agora a contar com o dobro do espaço para degustar as sandes, entradas, petiscos e sobremesas que cumprem a promessa de uma tasca bem portuguesa. Desde a playlist que só toca êxitos “pimba” e de música popular, à extensa e criativa lista de petiscos e “sandochas” que tornaram a casa famosa como a “Sandes de Cozido à Portuguesa” (€3,85), a “Sandes de pernil (€3,60) ou a “Bifana de Ranholas” (€4), uma homenagem ao local onde abriram portas e que combina linguiça fresca, queijo, fiambre e ovo estrelado.
Em qualquer das casas Cabra Macho ninguém passa fome. Não só pela vasta oferta de sandes e petiscos, mas também pelas generosas doses que obrigam a elaborar uma estratégia meticulosa para conseguir dar a primeira dentada sem deixar cair o recheio. Entre as mais pedidas estão a “Sandes da Patroa” (€4,20), elaborada com pernil, Queijo da Serra e linguiça do Mercado do Bolhão, e a “Sandes Cabra Macho” (€4,20), com leitão e queijo de ovelha, “só para quem tem pelos no peito!”, avisa-se na ementa.
“Ainda estamos um pouco em fase de teste, mas a mudança é para ficar. Não alterámos nada na decoração, o que mudámos foi só o conceito. Ficamos com capacidade mais ou menos para 60 pessoas”, conta Sarah Lima, que revela que o único prato que vão manter da cervejaria é a “Francesinha” (€8,90), uma receita “sem invenções, original como se quer”, que pode ter a variante com ovo (€9,90) e acompanhar com batatas fritas.
Comer e andar
Sarah explica que no Cabra Macho Quiosque, espaço aberto o final de novembro, não há filas à porta como no Cabra Macho original e há mais estacionamento, mas que o espaço é mais pequeno e funciona a um ritmo diferente. “Deixámos o Velho Oeste como bar com comida Tex-Mex e criámos o Quiosque como uma espécie de mini tasca onde servimos todas as que temos no Cabra Macho de Ranholas. É um local para quem está mais na correria e não tem tempo para estar na fila da tasca. Aqui consegue comer mais rápido, há alguns bancos para comer ao balcão, mas não há mesas”, alerta Sarah.
O Cabra Macho Quiosque tem capacidade para cerca de 20 pessoas “no máximo” e só abre para almoço e lanches. “Está aberto das 12h00 às 19h00, de terça a sábado, e não tem jantar. Não há entradas nem sobremesas, só comida de balcão. A placa que temos lá diz bem como funciona ‘vai entrando, vai pedindo, vai comendo e vai vazando’”, diz divertida, aproveitando para acrescentar que, em todos os espaços, a cerveja é companhia assídua dos pratos, mas também os dois vinhos caseiros que vêm do norte. Um, em particular, chama à atenção pelo nome, que reflete bem a descontração e o humor que caracterizam os espaços da marca. O vinho Cabra Macho é “muito suave e combina bem com as sandes e petiscos”, diz Sarah que caracteriza o vinho “Melhor que Merda” como um vinho verde, em transição e gasificado, que se “bebe bem”. “Temos muitas histórias com esse vinho. Uma vez, um grupo de 10 pessoas bebeu 49 garrafas”, conta.
Cachorrinhos e novos projetos
De inspiração também portuense, Sarah, Simão e Duarte abriram, em 2024, o Cabra Macho Cachorrinhos na porta ao lado da tasca original, que serve como uma “sala de espera” para ir acalmando a fome, enquanto a mesa no Cabra Macho não vaga. Ali servem-se, além de “Cachorrinho” (€3,80), salgados, petiscos e cerveja. “A inspiração vem da Cervejaria Gazela (casa da receita original do Porto). Usamos o pão tipo baguete com salsicha e linguiça fresca que vamos buscar diretamente ao Mercado do Bolhão. Vamos ao Porto só para ir buscar as salsichas, mas o nosso molho é diferente”, explica.
Quanto a novos projetos, Sarah revela que haverá novidades ainda este ano: “Por enquanto está em segredo, mas talvez haja dois projetos a concretizar este ano na linha de Sintra”, acrescentando que, embora Lisboa não esteja ainda nos planos, “nunca se diz nunca”.
O Cabra Macho ((Rua Elias Garcia, 38, Sintra. Tel. 219235321) está aberto de terça-feira a sábado, das 12h00 às 23h00, e domingo das 12h00 às 16h00. Segunda-feira está fechado “para descanso dos clientes”.
Sobre o nome da tasca, com mais ou menos, variações e detalhes, é assim explicada pelos próprios: “Cabra Macho é uma expressão utilizada no Brasil, mais concretamente na Bahia, No dia do casamento do irmão do Duarte: Simão com a esposa Sarah, o pastor que ministrava o casamento referiu-se à mãe como; cabra macho, o que indignou os irmãos portugueses, obviamente, afinal, ter uma pessoa a chamar cabra à mãe.... Mas perceberam que é uma expressão utilizada para falar de uma pessoa de vigor.“