Com cerca de 150 anos, 35 metros de altura e 15 metros de perímetro de tronco, a Figueira dos Amores foi eleita Árvore do Ano 2025 e vai agora representar Portugal no concurso europeu “Tree of the Year”, promovido pela União da Floresta Mediterrânica (UNAC). Localizada nos jardins da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, esta ficus macrophylla (Figueira da Austrália) foi plantada por um aristocrata, colecionador de árvores, no século XIX, no âmbito de trocas de sementes com o Jardim Botânico de Sydney.

Hoje, descreve a Fundação Inês de Castro, que gere a imensa área verde da Quinta das Lágrimas, “é Património vivo dos jardins e uma atração deste local de culto ao Amor, sendo visitada por milhares de pessoas, que se encantam pela dimensão e beleza dos seus ramos, tronco e raízes”. Acrescenta-se, a esta “magnífica” árvore, grande misticismo, em parte, associado à história e às lendas associadas ao cenário do amor trágico entre o rei D. Pedro de Portugal e de Dona Inês de Castro. Na verdade, a árvore localiza-se junto à famosa Fonte dos Amores.

Figueira dos Amores, Árvore do Ano 2025
Figueira dos Amores, Árvore do Ano 2025 Hugo Pinheiro / Fundação Inês de Castro

Segundo a Fundação Inês de Castro, nos jardins da Quinta das Lágrimas acumulam-se memórias desde o século XIV, tanto nos elementos construídos, “como nas suas árvores, nas suas lendas populares e na sua verdadeira história”. O local é referido em 1326, ano em que a Rainha Santa Isabel mandou fazer um canal para levar a água de duas nascentes para o vizinho Convento de Santa Clara. “Ao sítio de onde saía a água chamou-se ‘Fonte dos Amores’, por ter presenciado a paixão de D. Pedro, neto da Rainha Santa, por Inês de Castro. A outra fonte da Quinta foi batizada por Camões de ‘Fonte das Lágrimas’, por ter nascido das lágrimas que Inês chorou ao ser assassinada. O sangue de Inês terá ficado preso às rochas do leito, ainda vermelhas depois de 650 anos...”, assinala-se na apresentação do espaço. Inicialmente conhecida como Quinta do Pombal, foi a referência na obra “Os Lusíadas”, que eternizou o local como Quinta das Lágrimas.

Os jardins começaram a ser restaurados em 2006, pela mão da arquiteta paisagista Cristina Castel-Branco. É recriado um jardim medieval, restaurados os muros da mata, os canais dos Amores e das Lágrimas, são plantadas cortinas de vegetação, uma alameda de sequoias, e um jardim japonês dentro do hotel Quinta das Lágrimas, e é construído o anfiteatro Colina de Camões, palco de diversas iniciativas culturais, com destaque para o Festival das Artes. Os jardins da Quinta das Lágrimas podem ser visitados diariamente, de terça-feira a domingo (desde €3) e integram a Rota dos Jardins Históricos de Portugal.

Fachada do hotel Quinta das Lágrimas
Fachada do hotel Quinta das Lágrimas Expresso

Hotel de charme romântico
Várias vezes premiado, o hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, é anunciado como “um retiro de conforto e paz num palácio do século XVIII rodeado de 12 hectares de jardins históricos”, a que se junta o ambiente romântico que envolve o local. Foi distinguido em 2023 com o prémio “Mérito 20 Anos”, uma vez que esta unidade hoteleira marcou presença em todas as edições do Guia Boa Cama Boa Mesa desde 2003, tendo conquistado a Chave de Ouro por 13 vezes. A Quinta das Lágrimas (Rua António Augusto Gonçalves, Coimbra. Tel. 239802380), inaugurado em 1995, é descrito pelo Guia Boa Cama Boa Mesa, como “uma referência da hotelaria nacional desde o momento em que abriu portas”.

Quinta das Lágrimas
Quinta das Lágrimas Expresso

Dispõe de 55 quartos (a partir de €170), divididos entre a ala contemporânea (Spa e Jardim), e pelo palácio, que se destaca pela arquitetura e decoração clássica, mas também pelas inúmeras salas e varandas. Com milhares de livros antigos, que ajudam a contar a história de Portugal e da família Júdice, está forrada a painéis de madeiras exóticas e é um local emblemático. No alojamento, referência obrigatória para a “Suíte do Rei”, uma viagem no tempo até à época em que D. Manuel I visitou a quinta, e para a “Suíte Pedro & Inês”, que aproveita o antigo torreão medieval. As paredes da ala contemporânea convidam à leitura de passagens literárias românticas.

Restaurante Arcadas
Restaurante Arcadas Expresso

Toda a envolvente é um museu vegetal, com uma coleção de jardins de nível mundial, do romântico ao japonês, passando pelo medieval e pela horta orgânica. Igual importância merece o restaurante Arcadas, liderado por Vítor Dias, e que em 2010, e nos dois anos seguintes, ostentou as primeiras estrelas Michelin da região Centro. “Seis momentos marcam o mais recente menu de degustação, criado por Vítor Dias, para este restaurante. “Atum, crocante de arroz, kimchi e dashi de algas”, “Lavagante com coco, pancetta, agrião e pera fermentada” e “Cabrito com carqueja, cogumelos e pickles de dióspiros”, além de “O Chocolate”, com 70%, praliné de avelã e café, são os momentos altos. Há ainda a opção de escolha do menu e a de harmonização com vinhos selecionados”, pode ler-se no Guia Boa Cama Boa Mesa 2024.

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