A reabertura, em dezembro de 2022, do velho cinema Batalha representou uma vitória para a cidade do Porto. A par de uma programação anual virada para a descoberta do bom cinema (em alternativa à infantilização do público promovida pelas Marvel e similares), aí se passou a realizar anualmente o Fantasporto.

Se o regresso desta sala sob gestão municipal – agora chamada Batalha Centro de Cinema e na qual brilham pinturas a fresco de Júlio Pomar que se julgavam perdidas – aqueceu o coração dos cinéfilos, outras dinâmicas urbanas prosseguiram uma trajetória contrária. No curto espaço de meses, fecharam, na envolvente do Batalha, a FNAC de Santa Catarina e a sua vizinha Livraria Latina, integrada no grupo Leya. Ou seja, dois tiros na cultura e dois contributos para a descaracterização do centro do Porto que, por este andar, se arrisca a ficar reduzido a um cenário sem alma para turista ver.

É por isso que eventos como o Fantasporto são importantes, sobretudo quando promovem o debate sobre o cinema e, naturalmente, o mundo que o rodeia. Tal como em edições anteriores, realizam-se de tarde, no Batalha, tertúlias intituladas Movie Talks com a presença de críticos, realizadores, escritores e público cinéfilo.

Foi num destas sessões que Beatriz Pacheco Pereira, uma das fundadoras do festival, lançou o alerta: a cultura está em perigo e há que refletir acerca das formas de a defender. Nada mais oportuno.