Neste início de primavera surgem algumas papoilas ainda tímidas, vergadas pelo vento e pelas chuvas fortes. Mas o que mais se vê pelas ruas das cidades, não são flores, são os cartazes que mostram as novas tendências de imagem dos líderes partidários nas legislativas de maio.

Nos últimos anos, a qualidade dos cartazes políticos tem vindo a baixar de forma acentuada e transversal a todo o leque partidário e esta colheita mantém o ritmo descendente. As campanhas eleitorais são feiras de vaidades nas quais os líderes partidários parecem modelos na passerelle de uma produção de moda rasca, fantasias montadas num manequim de plástico.

Parece que uma das tendências atuais é o recurso a grafismo feito com ajuda de Inteligência Artificial mal formatada. Por exemplo, Pedro Nuno Santos aparece num dos primeiros cartazes como uma figura de museu de cera desenhada por um especialista em cartazes de circo. Do lado de Montenegro o mantra da sua imagem é o sorriso postiço que usa permanentemente, mas estar sempre com uma máscara de riso forçado para a fotografia não dá confiança a ninguém. A Iniciativa Liberal não está muito melhor — é certo que a coisa não é fácil quando Rui Rocha é tão pouco fotogénico e a mensagem tão vazia: um pedido de confiança, depois do voto da IL na moção de confiança de Montenegro,  não é desígnio inspirador.

Esperemos que este ano não voltem à asneira de enfiar nas caixas de correio imitações de intimações da Autoridade Tributária, uma das peças de propaganda política mais desajeitadas de sempre.

Hoje em dia, as campanhas e os seus cartazes são uma feira de vaidades onde o ridículo anda à solta. E os debates são a montra onde se vendem saldos requentados. O circo começou — com devida desculpa aos verdadeiros artistas circenses.

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