Para melhor compreender o enquadramento do tema que irei abordar, começo por uma breve explicação sobre a Cáritas, instituição conhecida da generalidade das pessoas, mas que na sua organização e forma de atuar é desconhecida da maioria.

A Cáritas é uma instituição da Igreja Católica destinada prioritariamente ao apoio de emergência às pessoas em grave carência e à promoção da caridade para ajudar a retirar quem caiu em situação de pobreza dessa situação indigna. Como instituição da Igreja Católica, segue a sua estrutura a vários níveis que correspondem a espaços de atuação. Assim, temos a Cáritas Internationalis, que depende do Vaticano e é presidida por um cardeal, as cáritas nacionais, como é o caso da Cáritas Portuguesa, que depende da Conferência Episcopal, através de um bispo, as cáritas diocesanas, como a Cáritas Diocesana de Lisboa, que depende do Patriarca de Lisboa e é presidida por alguém por ele nomeado, e finalmente, mas não menos importantes, as cáritas paroquiais, que seguem o mesmo ordenamento, dependem do pároco e são dirigidas por pessoa por ele nomeada.

A Cáritas tem ao seu serviço profissionais com as competências capazes de assegurar um serviço em permanência e de acordo com as melhores práticas. Mas, porque a instituição vive exclusivamente dos donativos dos católicos e de pessoas de boa vontade, a estrutura profissional deve ser o mais leve possível para que os fundos recolhidos cheguem àqueles a que efetivamente se destinam, os pobres. Por essa razão e porque a caridade é antes de mais uma dádiva pessoal, o serviço voluntário deve constituir o núcleo da ação da Cáritas.

Uma sociedade com muitos voluntários disponíveis para o serviço da comunidade é uma sociedade saudável, pois o Estado por mais bem organizado que esteja não pode cumprir todas as funções que implicam o olhar pelo outro e o cuidar do que interessa à comunidade. Para os cristãos, a prática da caridade é um elemento essencial da fé que professam, e o serviço voluntário, desinteressado, gratuito a quem necessita de ajuda, constitui a expressão maior da caridade que naturalmente também pode ser praticada através de doações.

Naturalmente, as pessoas mais disponíveis são aquelas que mais facilmente se encontram para o serviço voluntário, como é o caso das pessoas reformadas ou que por circunstâncias pessoais têm mais “tempo livre”, mas é muito importante que este serviço cubra todas as faixas etárias ativas. De facto, os jovens têm as suas ocupações como estudantes e quem está em idade de profissional no ativo tem certamente uma vida muito ocupada, mas com boa vontade há sempre espaço para algum serviço aos outros porque o espaço mais difícil de encontrar está no interior de nós mesmos.

A Cáritas Diocesana de Lisboa tem, desde há alguns anos procurado dinamizar nas comunidades com que trabalha no espaço do Patriarcado de Lisboa, um voluntariado que cubra as diversas faixas etárias em particular os jovens. E porquê este foco especial nos jovens? Porque os jovens na sua ação trazem o dinamismo, a alegria e a generosidade próprias da sua idade e, porque os jovens com um forte envolvimento de voluntariado em prol dos outros serão certamente adultos mais dispostos ao serviço, lembrados das suas enriquecedoras experiências de voluntariado jovem.

Aquando da JMJ2023, todos vivemos o entusiasmo contagiante dos muitos milhares de jovens que vieram a Lisboa participar na Jornada mas também pudemos constatar a quantidade daqueles que foram voluntários na preparação e na execução de um evento da extraordinária dimensão como aquele que tivemos o privilégio de viver. Nesses dias, tivemos oportunidade de reunir com uma delegação da Cáritas Internationalis Jovem, numa oportunidade fantástica para contactar experiências tão diversas como diversas eram as proveniências dos jovens presentes.

Também temos contacto com jovens muito envolvidos em grupos de ação, como é o caso dos jovens universitários da “Missão País”, uma iniciativa totalmente de jovens, organizada e promovida por eles para conduzirem ações caritativas por todo o país. Existem outras iniciativas deste género com jovens a disponibilizarem-se para irem servir em missão em locais remotos de África. Há certamente muitos outros exemplos demonstrativos de que os jovens estão disponíveis para o serviço dos outros e que são capazes de por eles fazerem coisas notáveis.

É com base nestas evidências que a Cáritas de Lisboa, está a promover um Movimento Cáritas Jovem que resulte das iniciativas deles, onde a estrutura da Cáritas sirva apenas de suporte e difusão junto das paróquias para que a ação do Cáritas Jovem possa vir a ter um impacto nas paróquias onde estão sediados, ajudando desta forma à dinamização das atividades sócio caritativas nas paróquias.

Estamos muito esperançados no sucesso do Movimento Cáritas Jovem, mas para isso e para todas as outras ações de promoção da caridade precisamos de apoio financeiro e aqui lembramos que nos pode dar uma grande ajuda na consignação do seu IRS à Cáritas de Lisboa (NIF 500910227).

Presidente da Cáritas Diocesiana de Lisboa