
A saúde mental permanece um tema central nos dias de hoje – e com razão. Num contexto em que o stress, a ansiedade e a melancolia parecem afetar cada vez mais pessoas, vale a pena considerar o que está ao nosso alcance para melhorar o bem-estar. O exercício físico surge como uma solução acessível e poderosa. Mas como pode algo tão simples ter um impacto tão profundo? É isso que exploraremos aqui.
Em Portugal, os dados são reveladores: aproximadamente 23% da população enfrenta perturbações psiquiátricas. A ansiedade destaca-se, afetando 16,5% dos portugueses, enquanto a depressão atinge 7,9%. Estes estados, marcados por medo e pânico no caso da ansiedade, ou por tristeza e desinteresse no caso da depressão, têm raízes complexas. Fatores genéticos, biológicos e ambientais desempenham um papel, mas o exercício físico ativa mecanismos – tanto fisiológicos como psicológicos – que podem transformar a forma como nos sentimos.
Do ponto de vista fisiológico, a prática de atividade física estimula a libertação de endorfinas, frequentemente associadas à sensação de felicidade, e regula neurotransmissores que influenciam o humor. O resultado? Uma maior sensação de calma, redução da tensão muscular e um estado de espírito mais positivo. Já os benefícios psicológicos passam por dois pilares: a distração, que afasta os pensamentos negativos, e a autoeficácia, que reforça a confiança em completar desafios com sucesso. Cada sessão de exercício pode ser um momento de reconquista pessoal.
As evidências científicas corroboram estas ideias. Quem pratica exercício regularmente apresenta uma menor incidência de sintomas de ansiedade e depressão. Não é necessário escolher entre atividades aeróbias, como correr, ou anaeróbias, como o treino de força – ambas trazem vantagens. Curiosamente, no caso do treino de força, intensidades moderadas (50% a 60% de 1RM) parecem ser mais eficazes para o bem-estar mental do que sessões de alta intensidade. O que realmente importa é a consistência: realizar atividade física três a cinco vezes por semana, entre 20 e 45 minutos por sessão, maximiza os resultados. Uma combinação variada de exercícios pode ainda potenciar esses efeitos.
O exercício físico oferece benefícios comparáveis aos de uma psicoterapia ou de um antidepressivo leve. Não exige que você seja um atleta profissional ou passe horas no ginásio – qualquer movimento conta. Num país onde a saúde mental ainda enfrenta barreiras culturais, adotar esta prática pode ser um passo discreto, mas significativo, para melhorar a qualidade de vida.
Se sente que o dia a dia está a sobrecarregá-lo, considere dar uma oportunidade ao exercício. O seu corpo e a sua mente agradecem – e os estudos comprovam-no.
Sérgio Tinoco, Wellness Manager Holmes Place Quinta da Beloura