Hoje é aquele dia em que o cancro é o tema em destaque. Em 2021, aos 44 anos, recebi o diagnóstico de cancro da mama… repito, aos 44 anos! Precisamos abordar estes assuntos com muito mais seriedade e urgência. Definir uma idade mínima para o rastreio parece-me insuficiente. É essencial garantir que a saúde de todos, homens e mulheres, esteja sempre no topo da lista de prioridades.

De acordo com o relatório de 2023 do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, Portugal atingiu um marco interessante: 99% das mulheres elegíveis foram convidadas a realizar rastreios para o cancro da mama. No entanto, a taxa de adesão ficou muito aquém, com apenas 56% a comparecerem aos exames. O que significa que, mesmo com o convite em mãos, muitas mulheres hesitam em aceitá-lo. Parece-me, portanto, que o primeiro grande desafio é convencer as mulheres a darem o passo em direção ao seu bem-estar.

O cancro da mama não deveria ser o único a ser monitorizado. O cancro do colo do útero também não é para brincadeira e é, infelizmente, muito comum. Em 2023, apenas 59% das mulheres elegíveis foram convidadas para o rastreio, um número que precisa urgentemente de aumentar. E não podemos esquecer o cancro do cólon e reto: apesar de a taxa de adesão ter aumentado para 54%, a cobertura populacional permanece em apenas 32%. Estes dados evidenciam lacunas alarmantes que exigem atenção imediata.

Parece-me ainda importante lembrar que o cancro não afeta apenas as mulheres. Em 2022, cerca de 43 000 homens em Portugal receberam diagnóstico de cancro, sendo que os tipos mais comuns são o cancro da próstata, pulmão e cólon. A prevenção e o rastreio precoces são igualmente importantes para os homens, pelo que também é importante que façam parte desta conversa.

A recente decisão de alargar o rastreio do cancro da mama para mulheres entre os 45 e 74 anos é um passo positivo. Claro que sim. Contudo, nem todos os tipos de cancro têm uma referência clara de idade mínima para rastreio, o que complica a situação. Para o cancro do colo do útero, recomenda-se iniciar o rastreio aos 25 anos. Quanto ao cancro do cólon, a recomendação é que comece aos 50 anos, embora haja uma crescente discussão em vários países sobre a antecipação deste início para os 45 anos, dado o aumento dos casos em populações mais jovens.

É alarmante saber que, em 2022, cerca de 9 000 mulheres foram diagnosticadas com cancro da mama, resultando em 2 000 mortes. Embora a deteção precoce tenha uma taxa de cura superior a 90%, isso só é possível se conseguirmos que mais mulheres se submetam a rastreios, especialmente aquelas com menos de 45 anos que podem estar em risco.

Promover uma cultura de prevenção é fundamental. Devemos fazer do rastreio uma prática comum e encorajadora, transformando um simples exame numa experiência de união, quase como um encontro. A saúde merece ser abordada com leveza, mas sem descurar a seriedade que o assunto exige.

A luta contra o cancro começa com ações simples e eficazes. A prevenção e o diagnóstico precoce são cruciais para melhorar as taxas de sobrevivência e, acima de tudo, para salvar vidas. O que está em jogo não são apenas números; é a saúde e o bem-estar de todos nós: mães, filhos, irmãos, pais, amigos...

A prevenção precisa de ser uma prioridade. Vamos unir esforços, como uma verdadeira rede de apoio, para cuidarmos uns dos outros. Marquemos consultas, conversemos sobre os rastreios e incentivemos a saúde em cada etapa da vida. Cada gesto é um ato de amor e pode fazer toda a diferença.

Seja para nós próprios, para os nossos pais, irmãos, parceiras ou amigos, cada passo que damos rumo à prevenção é um lembrete poderoso de que "amarmo-nos" é a defesa mais forte que temos. Vamos garantir que as nossas histórias sejam repletas de vida e vitalidade, não apenas sobrevivendo, mas prosperando.

Cuidar de nós mesmos não é apenas uma necessidade; é um compromisso profundo com quem somos e com todos aqueles que amamos. A hora de agir é agora. Juntos, façamos do rastreio e da prevenção um pacto coletivo de amor e cuidado, começando já hoje! A nossa vida, a nossa saúde e as nossas histórias estão em jogo. Vamos jogá-las com coragem, esperança e Amor!