Comprei um carro híbrido em 2011 e nunca tive problemas, apesar dos medos e relutância quanto a este tipo de veículos. E estamos a falar de uma compra feita há 14 anos. Recentemente, comprei um novo híbrido de segunda geração, já com dois motores elétricos, que automaticamente define o modo elétrico, híbrido ou de combustão — estou muito satisfeito com o veículo em si e por contribuir para menos emissões de gases. A razão pela qual ainda não me decidi a comprar um carro totalmente elétrico não se prende tanto com dúvidas ou relutância, mas pelo facto de serem excessivamente caros, pela sua autonomia e dificuldade de carregamento sem contratempos.

A Noruega, porém, já está a vender 90% de carros elétricos. E isso deve-se a medidas como a isenção de IVA e portagens gratuitas para este tipo de automóveis. A eliminação de impostos sobre veículos com emissão zero reduz automaticamente o preço em comparação com os veículos híbridos, e ainda mais por comparação com os veículos a gasolina ou diesel.

Uma forma de se fazer a transição mais rápida em Portugal é olharmos para outros países e copiarmos o que fizeram numa primeira fase: promover medidas para favorecer carros elétricos, em detrimento de veículos com motor a combustão. Lá fora, isso passou por passos como a abolição do imposto rodoviário (IUC), portagens gratuitas e estacionamento gratuito em determinadas cidades. Estas medidas serão essenciais para atrair à compra de carros elétricos.

Quanto à relutância em comprar um veículo elétrico pela falta de autonomia, isso pode ser compensado pelo aumento de postos de carregamento ou pela amplificação da capacidade de fazê-lo em casa. As construtoras de automóveis devem criar um nicho de mercado com carros elétricos mais pequenos, mais baratos e que possam ser preferencialmente utilizados na cidade e carregados em casa.

Qualquer governo tem nos carros a sua galinha de ovos de ouro da receita fiscal — é das coisas que mais impostos pagam: na compra, na circulação, no seguro e até para entrar em casa – a rampa de acesso paga um valor anual à câmara. Para não falar na sua manutenção e compra de peças. Lentamente, tem de se fazer uma transição de forma que o governo possa ir colher receita noutras áreas.

Para além do corte de impostos, dar um incentivo ao abate de carros antigos e que seja um benefício automático na compra de um carro elétrico, sem burocracias e sem esperas.

Na União Europeia, as vendas de automóveis a gasolina e diesel serão proibidas a partir de 2035. Espero que em Portugal não seja necessário proibi-los, antes se avance gradual e progressivamente. Uma das chaves para tal é a possibilidade de  comprar carros elétricos com a facilidade de obter subsídios diretos para quem desmantela o carro velho. Esse procedimento deve ser feito em tempo real, na compra de um elétrico, aumentando substancialmente para o dobro o valor existente (em vez de 4.000 euros, 8.000 euros).

Fundador do Clube dos Pensadores