Portugal tem vindo, nos últimos anos, a consolidar um lugar de destaque no panorama europeu enquanto hub de centralização e inovação de serviços para empresas. O nosso país tem sido a escolha para algumas das mais reconhecidas empresas internacionais colocarem os seus centros de serviços.

Este dinamismo é alimentado por uma base de talento vibrante e diversa, em nacionalidades e competências, assim como por um ecossistema tecnológico robusto, que promove soluções inovadoras em áreas como inteligência artificial (IA), automação e análise de dados, transformando de forma cada vez mais eficaz a interação entre empresas e clientes.

Mas, para concretizar esta visão, o nosso país e as nossas empresas precisam de continuar a escalar os seus investimentos em tecnologia e inovação, mas mais ainda em talento, respondendo aos desafios de um mercado global cada vez mais competitivo.

A transformação digital não é uma mera tendência, e as oportunidades que esta potencia trazem também consigo alguns desafios. A Inteligência Artificial (IA), por exemplo, está a contribuir para a otimização da forma como as organizações gerem os seus processos, tomam decisões e interagem com os seus clientes. Longe de substituir o elemento humano, esta tecnologia potencia as capacidades dos profissionais, permitindo que se foquem em tarefas de maior valor acrescentado. Isto dá, por sua vez, um maior valor ao cliente final e retira esforço à interação.

Contudo, para extrair os devidos benefícios da IA, neste caso de uso específico, é essencial dotar os profissionais de novas competências. Não só competências técnicas de utilização da tecnologia, mas também de inteligência emocional, que continuam a ser uma exigência dos clientes, colaboradores, cidadãos e pacientes, e não podem ser proporcionadas pela IA.

Portugal está posicionado para liderar esta revolução nos serviços empresariais. No entanto, se queremos continuar a crescer na nossa influência é necessário criar investimento e capacidade que permita reter e desenvolver talento. Não basta ter uma reconhecida capacidade de adaptação. A formação e requalificação são cruciais para garantir que os profissionais portugueses aproveitem as oportunidades criadas por esta nova era digital. E esta aposta não se limita à implementação de novas tecnologias. É fundamental criar uma cultura empresarial que incentive a criatividade, a experimentação e a colaboração. Um ambiente onde as ideias possam fluir livremente e os profissionais não se sintam ameaçados pela tecnologia; antes se sintam motivados e ambicionem desafiar os modelos tradicionais.

Além disso, o nosso país e as nossas empresas precisam de apoiar os empreendedores. Caso contrário, continuaremos a ver as gerações mais jovens a emigrar.

O nosso país tem todos os ingredientes para continuar a afirmar-se como um verdadeiro hub de inovação em serviços para empresas: talento, tecnologia e um ecossistema dinâmico.  Ao abraçar a transformação digital com ambição e determinação, o nosso país pode vir a liderar o desenvolvimento da próxima geração de serviços empresariais, elevando a fasquia a nível global.

O futuro é promissor e Portugal tem de estar pronto para o construir!

CEO da Teleperformance (TP) Portugal