Quando pensamos ou falamos de Cultura, vem-nos sempre à memória o que aos nossos olhos se revela mais percetível.

A música, a leitura, o cinema, o teatro e as artes plásticas afiguram-se desta forma como as principais manifestações que automaticamente mais relacionamos com a terminologia em análise.

Sabemos, contudo, que a Cultura não se encerra neste contexto comummente reduzido e evidente.

Às manifestações artísticas e imateriais, a Cultura associa um conjunto de padrões de significados transmitidos historicamente, incorporados igualmente em formas simbólicas, por meio das quais o Homem comunica e perpetua o seu conhecimento e a sua atividade.

É nesta reunião de património e herança que nos surgem os bens imóveis, verdadeiros conjuntos urbanos, locais ou edificados, que dotados de expressivo valor técnico ou artístico se projetam na História.

Sim, os edifícios também são Cultura, pois neles se projetam certas considerações estéticas, funcionais, sociais e culturais, que promovem e distinguem espaços e cidades, sob o traço da sua mais representativa disciplina: a arquitetura.

É neste enquadramento que felicitamos o regresso da cerimónia de entrega do Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura pelo presidente Carlos Moedas, como momento único, onde se premeia a qualidade arquitetónica dos edifícios construídos em Lisboa.

Após os anos da pandemia, período em que também esta ação solene esteve suspensa, retoma-se assim aquela que é considerada a mais prestigiada distinção lisboeta e portuguesa, onde arquiteto e proprietário da construção testemunham e acolhem o reconhecimento do seu trabalho, num verdadeiro estímulo à criação.

Permita-me aqui o leitor expressar o meu duplo contentamento pois, ao desejado regresso deste Prémio, juntaram-se as distinções atribuídas aos projetos de requalificação do LU.CA, Teatro Luís de Camões (2018) e da renovação da Casa Fernando Pessoa.

Lisboa cresce, Lisboa agradece.

Presidente da Lisboa Cultura