Vivemos num tempo em que os desafios climáticos se tornam mais evidentes, mas também num momento em que as soluções estão mais acessíveis do que nunca. Adotar uma postura neutra, outrora vista como prudente, já não faz sentido, especialmente quando há tantas iniciativas já em andamento e a possibilidade real de alcançar mudanças significativas.
O debate sobre as alterações climáticas já não se resume à sua gravidade, mas ao impacto concreto das respostas que temos desenvolvido. Tecnologias como a bioenergia avançada não são apenas uma promessa; já estão a ser aplicadas em setores diversos, desde o setor automóvel até à indústria. No entanto, ainda testemunhamos alguma hesitação quando as metas climáticas, adiadas de forma constante, são “empurradas” para décadas futuras, os compromissos se mantêm "neutros" e as nossas rotinas se baseiam na crença de que o problema está nas mãos de alguém que não nós próprios.
Os números mostram que há muito mais que podemos fazer. Por exemplo, em Portugal, a capacidade instalada para a produção de biocombustíveis ronda os 770.000 metros cúbicos por ano. No entanto, em 2021, os nove principais produtores utilizaram menos de 40% dessa capacidade, ficando pelos 275.000 metros cúbicos. Além disso, a biomassa representa uma fonte significativa de energia renovável no país, tendo contribuído com cerca de 6% para a eletricidade consumida em território nacional em 2020, de acordo com a DGEG. Estes dados evidenciam o potencial inexplorado de Portugal na bioenergia, que, ao ser plenamente aproveitado, poderia acelerar a transição energética, fortalecer a competitividade económica e gerar oportunidades de desenvolvimento em diversas regiões.
Mais do que falar de urgência, este é o momento de dar destaque às ações concretas. Temos tecnologia, conhecimento e o potencial para fazer da transição energética um motor de inovação e progresso. Projetos internacionais e nacionais mostram que soluções verdes não são apenas positivas para o ambiente; são também oportunidades de crescimento económico e melhoria social.
Este é o caminho para transformar o desafio climático num futuro de esperança. A bioenergia avançada, em particular, já provou ser uma das tecnologias mais promissoras para alinhar sustentabilidade e competitividade. Ao acelerar a implementação destas soluções, criamos valor hoje e abrimos caminho para as gerações futuras.
A união entre urgência e ação sempre levou a humanidade a alcançar grandes conquistas. No entanto, o foco agora deve ser no que já conseguimos fazer e no muito que podemos alcançar juntos. Estamos num momento que exige otimismo realista e compromisso contínuo – dois elementos indispensáveis para reescrever o nosso futuro energético. Neste cenário, a bioenergia avançada é mais do que uma solução: é um pilar essencial para garantir um futuro equilibrado, próspero e sustentável.
Secretária-Geral da Associação de Bioenergia Avançada