Devido a iniciativas como a Lei de Redução da Inflação nos EUA e o Acordo Verde Europeu, é provável que a entrada no mercado de tecnologias como a reciclagem de hidrogénio e de baterias aumente acentuadamente nos próximos anos. Esta é uma boa notícia para os investidores, porque do ponto de vista do investimento faz muitas vezes sentido concentrarmo-nos em tecnologias que já atingiram um certo nível de integração no mercado. Só assim é possível às empresas gerarem um fluxo de caixa estável.

No que diz respeito às novas oportunidades na eficiência energética, esta é uma expressão que é frequentemente utilizada em ligação com as enormes necessidades de recursos da crescente “tecnologização” e da utilização da Inteligência Artificial. Até 2030, prevê-se que a procura total de eletricidade das tecnologias de informação e comunicação aumente para mais de 8 mil terawatts/hora – mais do dobro do valor atual. É provável que a quota dos centros de dados, em particular, aumente acentuadamente, mas as redes também estão a consumir cada vez mais eletricidade. Neste âmbito, os semicondutores contêm as soluções para reduzir as necessidades energéticas das novas tecnologias, isto porque são um componente central da transformação ecológica para aproveitar, converter, transferir e armazenar energia renovável com perda mínima de potência e também para reduzir a procura de energia dos dispositivos eletrónicos.

Noutra perspetiva, embora as energias renováveis estejam a ser promovidas em todo o mundo, representam ainda uma pequena proporção da utilização global de energia. O petróleo, o carvão e o gás continuam a representar 40 a 50 mil terawatts/hora cada um, sendo que a energia hidroelétrica – a mais difundida das energias renováveis – representa pouco mais de 10 mil terawatts/hora. Já a energia nuclear, a eólica e solar, entre outras, estão muito abaixo disso. Apesar de tanto a energia solar como a eólica terem registado um forte crescimento nos últimos anos, a curva dos combustíveis fósseis não é menos acentuada. Para se conseguir contornar esta situação, é necessário recorrer à eficiência das energias renováveis, nomeadamente através das redes elétricas inteligentes que podem reagir em tempo real às variações da oferta e da procura de energia e, para além disso, aumentam também a fiabilidade do sistema e facilitam a integração das energias renováveis e dos veículos elétricos.

No entanto, as infraestruturas existentes ainda não são suficientes. Atualmente, não é possível utilizar ou armazenar toda a eletricidade produzida num dia de sol em todo o mundo. Para resolver este problema, seriam necessários investimentos anuais em infraestruturas de redes inteligentes no valor de 750 mil milhões de dólares até 2030, sendo que apenas 330 mil milhões de dólares serão efetivamente investidos.

Por fim, é importante destacar a importância da economia circular que cria potencial de crescimento através do setor dos resíduos. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, apenas 14% dos resíduos de plástico do mundo são atualmente reciclados. No entanto, muitos recursos, como o minério metálico, combustíveis fósseis, biomassa e minerais não metálicos, podem ser recuperados. Para além disso, para tudo o que não pode ser reciclado, serão necessárias melhores instalações de incineração de resíduos para produzir energia a partir dos mesmos.

De um modo geral, os investidores não se devem concentrar demasiado em acontecimentos de curto prazo, que podem levar rapidamente a reações precipitadas. Além disso, é aconselhável ter cuidado com as empresas que se concentram numa única tecnologia ou solução: a história tem demonstrado que é difícil construir um modelo de negócio sólido desta forma.

Gestor de portfólio na Nordea Asset Management