Tem em exploração cerca de 130.000ha de regadio (1.3 mil milhões de metros quadrados, para os mais urbanos), reforça, viabilizando e tornando-as sustentáveis, as albufeiras que abastecem cerca de 200.000 pessoas1 (4 vezes a capacidade do Estádio de Alvalade, para os mais urbanos) e produz energia renovável com capacidade para abastecer meio milhão de pessoas (aproximadamente a população do Grande Porto, para os mais urbanos).

Este foi o maior investimento público alguma vez realizado no Alentejo, representando cerca de €2.466M.

É, assim, muito oportuna a Avaliação do Impacto Económico da Implementação do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva, realizada pelo CEDRU e pela EY – Parthenon.

Comprovaram nesta análise que o Alqueva é um investimento público com impactos líquidos e que não se verificariam na ausência do mesmo, que trouxeram retorno, direto, positivo. Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva?

Dissecaram que o Alqueva tem uma ponderação pequena dos impactos autónomos – os resultantes diretamente do próprio investimento – face aos impactos catalisados – os que são pelo próprio investimento possibilitados - e que esta se reduz ainda mais à medida que se atinge a maturidade do investimento. Muitos investimentos públicos têm um efeito multiplicador nulo ou, até, negativo, restringindo-se aos seus impactos autónomos. Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva?

Quantificaram que a produção subtraída dos consumos intermédios – vulgo, o Valor Acrescentado Bruto – ascendeu a quase €12 mil milhões no período de estudo, ou seja, que o Alqueva libertou para pagar salários, distribuir ou reinvestir lucros, liquidar impostos, ou para rendas e amortizações quase 5x o valor do seu investimento. Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva?

Determinaram que o Alqueva é responsável direto por 32.800 empregos a tempo completo, equivalente a 0.8% do emprego, do total nacional, que resultaram em €5 mil milhões em remunerações. Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva? Aqui até é fácil colocar um teto, visto que não podiam ser mais do que 125…

Descobriram que as empresas catalisadas pelo Alqueva “consumiam Português” e depois exportavam, sendo que, só em 2023, o Alqueva contribuiu em €208M para o saldo da balança comercial, ou seja, representou 0.4% das exportações e apenas 0.2% das importações (evitem levantar lebres face à atual administração americana…). Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva?

Apontaram que mais de metade das empresas pré-existentes não teriam mantido atividade se não fosse o Alqueva, que 70% das novas não a teriam sequer iniciado, que está com uma taxa de adesão de 98%, que o VAB do setor agrícola do Baixo Alentejo multiplicou por oito, que o VAB agrícola dos concelhos beneficiados é quase o dobro dos verificados nos concelhos não beneficiados da mesma região, que o crescimento da formação bruta de capital fixo está acima do valor nacional (6% .vs. 3,5%), que é responsável por 27% da energia renovável instalada no Alentejo, que, entre 2015 e 2022, representou 42% da energia elétrica renovável produzida no Alentejo, que 65% dos seus impactos foram causados a nível regional, que garante segurança no abastecimento hídrico a 28% da população alentejana1. Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva?

É claro como a água – que agora, sim, existe no Alentejo – que o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva cumpre com todas as vertentes que subjazeram a sua criação. Quantos investimentos públicos podem alegar o mesmo que Alqueva?

Contem-nos, enumerem-nos, estudem os motivos dos seus sucessos, mas, a mim, contribuinte e agricultor neste País, se me perguntarem “Quantos Alquevas queremos?”, a minha única resposta, sem hesitação ou pausa para recuperar o fôlego, será:

Quantos couberem!

1 Antes do projeto, o abastecimento de água na região pautava-se pela irregularidade e baixa de fiabilidade, que redundava em diversas falhas de abastecimento. O Alqueva teve um contributo considerado “intenso” no abastecimento urbano aos municípios de Aljustrel, Alvito, Beja, Cuba, Évora, Ferreira do Alentejo, Moura, Mourão, Portel, Serpa, Sines, Viana do Alentejo e Vidigueira. Realçados estão, apenas e somente, duas capitais de distrito e um dos poucos portos de águas profundas da Europa que não tinham garantia e segurança no abastecimento urbano de água. Desafio o leitor a encontrar a atividade – pessoal, empresarial, de lazer – que se proponha a realizar sem esta garantia.