A informação foi avançada à imprensa, na cidade da Praia, pelo ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, e pela secretária de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, Salomé Allouche, que iniciou hoje uma visita de dois dias ao arquipélago cabo-verdiano.

Segundo a governante bissau-guineense, os dois países pretendem realizar uma Comissão Mista, tal como prevê o acordo geral de cooperação assinado em 2015, e deverá ser realizada após as eleições legislativas naquele país, previstas para junho próximo.

"Nós temos cabo-verdianos na diáspora nos mesmos destinos que a Guiné-Bissau tem e, por conseguinte, queremos muito proximamente, na Comissão Mista entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau, trazer a diáspora para a agenda e assinar um protocolo de gestão partilhada das nossas comunidades, na sua dimensão económica, na sua dimensão do capital humano, mas também na experiência de gestão", avançou o ministro cabo-verdiano, após um encontro de trabalho.

Para o governante, outro aspeto importante é o conhecimento das comunidades, referindo que Cabo Verde já lançou o mapeamento da sua diáspora nos seus maiores destinos, e prevê que vivem fora do país 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes, muito maior do que os cerca de 500 mil residentes.

"Falar das comunidades é falar da economia, mas também do capital humano, que não só Cabo Verde como a Guiné-Bissau, têm uma grande riqueza e um grande potencial, não só na Europa, como nos Estados ou noutras paragens", completou Jorge Santos, em conferência de imprensa após receber a secretária de Estado guineense.

Esperando contar com Bissau para ajudar Cabo Verde nesse mapeamento, Santos enfatizou a importância do conhecimento das comunidades e lembrou que no ano passado o arquipélago fez a regularização extraordinária de cidadãos guineenses em Cabo Verde "com muito sucesso".

"É um processo que continua e que nós temos todo o interesse em acompanhar, com uma colaboração muito forte do Governo de Cabo Verde, das autoridades e das organizações, porque a nossa irmandade e cumplicidade histórica com a Guiné-Bissau levam-nos a criar as pontes dessa cooperação que tem que ser profícua", insistiu o ministro.

O ministro das Comunidades de Cabo Verde espera consolidar as relações com a Guiné-Bissau em vários outros setores, como a formação, constando da agenda de visita da secretária de Estado o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial (CERMI), o Parque Tecnológico e o Data Center, na Praia.

"Porque uma coisa é ter mobilidade sem formação, outra coisa é com formação. E o que se quer, no quadro da mobilidade na CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] e entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde, é que tenha na formação profissional e na qualificação das pessoas uma grande prioridade", traçou.

A secretária de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau também mostrou a vontade de o seu país no acordo de mobilidade na CPLP e da livre circulação das pessoas, avançando que os dois países querem adotar acordos de segurança social e de reconhecimento de cartas de condução,

"Uma vez que muitas das vezes as nossas comunidades veem para cá e podem utilizar a nossa carta de condução e também a comunidade cabo-verdiana quando vai para Guiné poder também utilizar a carta de Cabo Verde", explicou Salomé Allouche, que está em Cabo Verde a convite do ministro das Comunidades.

Outro aspeto que a Guiné-Bissau quer aproveitar de Cabo Verde é a sua experiência na área do envio de remessas, num assunto que também vai voltar à mesa após as eleições legislativas, disse a secretária de Estado.

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