"Estamos profundamente preocupados com a situação atual em Moçambique, onde a escalada da violência forçou milhares de pessoas a fugir", disse a diretora do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para a África Austral, Chansa Kapaya.
A mesma responsável sublinhou que "os refugiados e os civis enfrentam riscos imensos, perderam os seus meios de subsistência e dependem da ajuda humanitária".
"Embora saudemos a generosidade do Malawi e do Reino de Essuatíni, a assistência imediata é crucial para lidar com o agravamento da crise e evitar mais sofrimento", sublinhou.
Atendendo ao apelo da oposição moçambicana, que denuncia fraudes e "eleições roubadas", aquele país de língua portuguesa vive há dois meses de manifestações, greves e bloqueios que custaram a vida a pelo menos 261 pessoas, 134 das quais nos últimos dias, de acordo dados da ONG local Plataforma Decide.
Segundo fontes governamentais, citadas pela agência noticiosa francesa AFP, milhares de moçambicanos encontraram refúgio nos países vizinhos.
Cerca de 13 mil pessoas fugiram para o Malawi, principalmente através da fronteira sul, acrescentaram as mesmas fontes.
Esta afluência começou na segunda-feira, coincidindo com a confirmação pelo mais alto tribunal de Moçambique da vitória da Frelimo (no poder há meio século), contestada pela oposição após as eleições gerais de 09 de outubro passado.
De acordo com o ACNUR, a agência da ONU para os refugiados, e as autoridades do Malawi, já foram identificadas cerca de 2.000 pessoas que chegaram ao país na semana passada, enquanto outra 1.000 entraram em Essuatíni.
Entre eles estão refugiados e requerentes de asilo de várias nacionalidades que viviam em Moçambique, adiantou o ACNUR.
"A situação nestes dois países está a tornar-se crítica, com o número crescente de refugiados e requerentes de asilo a sobrecarregar os recursos já sobrecarregados", afirmou a agência, com sede em Genebra.
No Malawi, pessoas que fugiram de Moçambique relataram ter escapado de ataques e saques nas suas aldeias, revela o ACNUR, acrescentando que muitos viajaram longas distâncias e cruzaram o rio Shire a pé ou a bordo de pequenos barcos.
Os abrigos estão superlotados e a infraestrutura de saúde é insuficiente.
ARA // SF
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