O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, sublinhou esta quinta-feira que o partido "não vai compactuar com o desrespeito" do Chega, na sequência dos insultos que ocorreram durante o debate dedicado à inclusão no ensino superior.

Pedro Nuno Santos recorreu ao X para condenar as declarações da deputada do Chega, Diva Ribeiro, que acusou a socialista Ana Sofia Antunes, que é cega, de só conseguir "intervir em assuntos que, infelizmente, envolvem deficiência" e o Grupo Parlamentar dos socialistas já informou que vai levar a questão à conferência de líderes.

"Hoje assistimos a uma violação clara do estatuto dos deputados, comprometendo o respeito devido à Assembleia da República e aos seus membros", escreve no X a página do grupo parlamentar do Partido Socialista.

"O PS levará esta questão à conferência de líderes para que esta infração grosseira não passe em branco e tenha as devidas consequências", acrescenta a publicação.

Também no X, Pedro Nuno Santos vinca que "o desrespeito não é ao PS, é aos portugueses, ao Parlamento e à democracia".

PS e BE criticam insultos da bancada do Chega

O debate que foi motivado por um projeto de lei do PS que propõe a criação de um regime jurídico dos estudantes com necessidades educativas específicas no ensino superior ficou marcado por insultos da bancada do Chega após a intervenção de Diva Ribeiro.

Diva Ribeiro, do Chega, afirmou que "a realidade do nosso sistema educativo está muito longe do ideal de inclusão" e considerou que se as dificuldades são evidentes nos ciclos de ensino obrigatório, "no superior é ainda mais grave".

Por outros motivos, a intervenção da deputada acabou por marcar o debate quando, em resposta a um pedido de esclarecimento, Diva Ribeiro acusou Ana Sofia Antunes, deputada socialista cega e ex-secretária de Estado da Inclusão, de participar nos debates apenas quando estão em cima da mesa temas relacionados com inclusão.

A declaração motivou um pedido de defesa da honra da bancada parlamentar do PS, com Marina Gonçalves a acusar Diva Ribeiro de desrespeitar "o trabalho sério" dos deputados socialistas que falam "por igual sobre qualquer tema", e mereceu críticas de outros partidos.

Joana Mortágua, do BE, relatou ainda "ofensas por parte da bancada parlamentar do Chega" dirigidas a Ana Sofia Antunes quando os microfones estavam desligados, acusação corroborada pelo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que considerou inaceitáveis os comentários, "muito mais do que o que se continua a dizer - que é demais e pouco dignificante - com o microfone aberto".