"No grupo dos que abandonaram as hostes terroristas incluem-se 182 operacionais dos terroristas que se entregaram às autoridades, os quais, e à semelhança dos outros, já estão reintegrados nas suas comunidades sem discriminação e estigmatização e se encontram inseridos nas suas respetivas famílias", disse Filipe Nyusi, durante a cerimónia oficial das comemorações do 60.º aniversário do Desencadeamento da Luta de Libertação Nacional e Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

Segundo Filipe Nyusi, muitos cidadãos que viviam em cativeiro abandonaram os grupos terroristas e regressaram às suas famílias em consequência de um programa de contra propaganda aprovado pelas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.

O chefe de Estado moçambicano adiantou que decorrem combates entre os grupos insurgentes e as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique em Mucojo, no distrito de Macomia, desde a noite de terça-feira.

"Temos informações que, a partir da noite e até este momento, estamos em combate ou em contacto direto com o inimigo. Os jovens estão a fazer esforço para reocupar na totalidade Mucojo, estão lá agora, esperemos que os bons momentos se repitam dentro de algumas horas", disse o Presidente de Moçambique.

Apesar dos confrontos em Mucojo, o chefe de Estado moçambicano assinalou um regresso significativo da população às zonas de origem, referindo que atualmente a situação em Cabo Delgado está "relativamente estabilizada" e que decorrem trabalhos de reconstrução de infraestruturas destruídas naquela província.

"Revestidos de sinceridade e com uma humildade necessária, sem proclamar vitórias porque pretendemo-las de forma definitiva, podemos afirmar que o resultado das operações realizadas no terreno, a situação de segurança nos distritos outrora abrangidos pelos atos terroristas intensos, está bem melhor do que em 2018, do que anteriormente, quando os projetos decorriam com normalidade na bacia do Rovuma", declarou o Presidente.

Nyusi pediu que se honre a entrega dos militares moçambicanos e dos seus aliados, retomando o normal decurso da vida, incluindo as atividades do setor produtivo "a todos os níveis", em particular a retoma dos megaprojetos de exploração de gás em Cabo Delgado.

O chefe de Estado de Moçambique lembrou que o primeiro ataque a Cabo Delgado ocorreu na madrugada de 05 de outubro de 2017 e que, em 2018, com a sua intensificação e "modus operandi", dissiparam-se as suspeitas e ficou claro que Moçambique estava diante do "fenómeno terrorismo de cariz internacional".

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos entre a missão militar conjunta e os insurgentes nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.

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