«Treinador ou adeptos. Vocês escolhem». A tarja exposta nas bancadas do António Coimbra da Mota indiciavam uma tarde complicada para Ian Cathro. A resposta, porém, foi dada em campo. Além de realizar uma das partidas mais competentes da época - não era difícil fazer melhor -, o Estoril conquistou mais três pontos (3-1), diante do FC Arouca, na nona jornada da Liga Portugal Betclic.

Na corda bamba, Ian Cathro colocou a carne mais refinada no assador: Jordan Holsgrove, Vinícius Zanocelo e João Carvalho, três jogadores tecnicamente acima da média, foram titulares em simultâneo pela primeira vez. Já Gonzalo García voltou a dar a titularidade a Henrique Araújo, algo que já não acontecia desde o primeiro dia de setembro.

A partida começou equilibrada: o FC Arouca tentou ter mais bola e o Estoril Praia procurou explorar as transições. O maior desequilíbrio surgiu pelo corredor esquerdo dos estorilistas: a luta entre Tiago Esgaio e Fabrício Garcia foi desigual e o extremo levou sempre a melhor; deu o golo aos colegas por duas ocasiões, mas os colegas não estiveram à altura.

A estratégia arouquense começou por parecer mais precisa. Após serenar o jogo, eis que o golo surgiu, sem forçar muito. Bola na direita, Ivo Rodrigues, com muito espaço, cruzou e Henrique Araújo, também com todo o espaço do mundo, mal precisou saltar para cabecear e desviar do guarda-redes. Marcador inaugurado, com culpas para a defesa da casa.

A resposta, contudo, não podia ser melhor. O golo sofrido serviu como um despertador e o Estoril, até ao final do primeiro tempo, viveu o seu melhor momento. Alejandro Marqués tentou a sorte do meio-campo - não passou longe - e depois, de uma posição muito mais propícia a marcar, não desperdiçou e empurrou um cruzamento da esquerda - só podia - para o fundo das redes. Empate feito, mas os da casa queriam mais.

Antes da ida para os balneários, o Estoril aproveitou nova investida pela esquerda e Pedro Amaral somou a segunda assistência da noite e do campeonato, graças à finalização em movimento de Wagner Pina ao segundo poste. Finalmente, um ar da graça estorilista.

Em desvantagem, o FC Arouca até entrou melhor - Jason Remeseiro atirou ao poste -, mas a tarde era do Estoril. Na sequência de um canto, Pedro Álvaro compensou a falha de marcação no primeiro golo adversário e, à vontade, cabeceou para o dilatar da vantagem. Minutos antes, nas bancadas, cantou-se: «Ian, c*****, pede a demissão». A equipa ripostou e festejou o golo do alívio com o treinador escocês.

Até ao final, os da casa tentaram gerir e até não o fizeram mal. Não obstante, uma ou outra atrapalhação podia ter causado danos. A maior surgiu por volta do minuto 80, quando Kévin Boma perdeu a bola à entrada da área, tentou recuperá-la, e cometeu uma grande penalidade. Tarefa, ainda assim, fácil de resolver, graças a uma enorme intervenção do experiente Joel Robles, que impediu o tento.

Se o FC Arouca não reduziu, o Estoril Praia dilatou. Jordan Holsgrove colocou a cereja no topo do bolo, com um livre direto cobrado de forma exímia.

E... respira, Estoril! A caminhar no fio da navalha, os canarinhos conquistaram a segunda vitória da temporada e Cathro ganhou um importante balão de oxigénio.