Num final eletrizante e de tirar o fôlego, o Cadillac V-Series.R No. 01 da Chip Ganassi Racing conseguiu o que só pode ser descrito como um milagre de recuperação nas 10 horas de Petit Le Mans, agitando o mundo do automobilismo num thriller de cortar a respiração. Sebastien Bourdais, Renger van der Zande e Scott Dixon transformaram o que parecia ser um dia catastrófico numa vitória inesquecível que já se tornou matéria de lenda.

O carro No. 01, que arrastava-se pela corrida sem aparentar qualquer esperança, ressurgiu de forma dramática num último esforço. O momento decisivo chegou quando van der Zande, movido por uma determinação inabalável, fez uma manobra impressionante a alta velocidade, mergulhando dentro do Porsche Penske 963 No. 6 de Nick Tandy, com apenas 15 minutos restantes no cronómetro. Numa manobra ousada na Curva 1, van der Zande assumiu a liderança e alterou a narrativa numa corrida que parecia perdida.

Mas o drama não terminou aí. Como se os deuses do automobilismo quisessem testar a determinação da Cadillac, os faróis do carro apagaram-se misteriosamente com apenas 5 minutos restantes—uma receita certa para uma bandeira negra mecânica que acabaria com o seu ressurgimento de conto de fadas. Milagrosamente, as luzes voltaram a acender-se a tempo, embora de forma esporádica, o suficiente para garantir que a equipa mantivesse a liderança e conquistasse uma vitória de tirar o fôlego na última corrida da IMSA antes da saída da Ganassi.

Enquanto a dupla da Porsche Penske Motorsports, Tandy e a equipa 963 No. 7 (Dane Cameron e Felipe Nasr) se encontravam a lamber as feridas, esta última conseguiu salvar o campeonato GTP e a Michelin Endurance Cup. Não foi suficiente para estragar o momento de glória da Cadillac, mas selou o domínio da Porsche com um impressionante segundo lugar na classificação do campeonato.

A classe LMP2 foi mais uma etapa de domínio, com o No. 11 TDS Racing ORECA, liderado por Steven Thomas, Mikkel Jensen e Hunter McElrea, a dar uma verdadeira lição. Após a saída prematura da United Autosports, a TDS esmagou a concorrência e garantiu uma vitória convincente. Eles também deixaram a Riley Motorsports e o carro No. 74 de Gar Robinson, Felipe Fraga e Josh Burdon a lutar pelo segundo lugar, enquanto a Inter Europol pela PR1 Mathiasen Motorsports se agarrava à sua magra liderança no campeonato.

Não querendo ficar atrás, a GTD PRO apresentou a sua própria dose de drama de alta octanagem, com o Lamborghini Huracan GT3 Evo2 da Iron Lynx, pilotado por Jordan Pepper, a desafiar as probabilidades para segurar o feroz Ferrari 296 GT3 de Daniel Serra. A batalha viu a Lamborghini conquistar a vitória, mas o terceiro lugar do Aston Martin No. 23 Heart of Racing significou que Laurin Heinrich e a AO Racing conquistaram o campeonato numa disputa de pontos extremamente apertada.

No entanto, o dia da AO Racing esteve longe de ser um passeio tranquilo. O seu Porsche 911 GT3R No. 77 foi prejudicado por problemas elétricos que sabotaram a sua corrida, fazendo-os perder seis voltas enquanto lutavam com problemas de mudança de marcha. Heinrich, que se qualificou na pole, teve de se contentar com o 11.º lugar e escapou por pouco de perder o campeonato graças a esses preciosos pontos de qualificação.

Num último revés do destino, a Conquest Racing surpreendeu o pelotão ao conquistar a vitória na classe GTD. O audacioso ataque de Albert Costa Balboa no final da corrida ao Lamborghini Huracan de Loris Spinelli, após uma bandeira amarela, selou a vitória para a Ferrari. Entretanto, o nono lugar da Winward Racing foi suficiente para Russell Ward, Philip Ellis e Indy Dontje garantirem tanto o campeonato como a Michelin Endurance Cup.

Nos anais do desporto motorizado, o Petit Le Mans de 2024 será sempre lembrado como um confronto de alto risco, repleto de momentos de tirar o fôlego, reviravoltas surpreendentes e uma história de recuperação para recordar. O capítulo final da Chip Ganassi Racing na IMSA não poderia ter sido melhor escrito.

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