O espetáculo, cujos textos do autor de 'Fado Alexandrino' e 'O Manuel dos Inquisidores' foram selecionado por Pierre-Étienne Heymann, é representado no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende, desde hoje e até sábado, sempre às 19:00.

O Cendrev explicou, em comunicado, que a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril convidou 10 companhias de teatro históricas para "apresentarem uma criação artística ou reposição que contribua para a consciência pública do papel que o teatro desempenhou na transição democrática".

"Foram selecionadas companhias de teatro com atividade no período da Revolução e que nasceram ou se consolidaram nesse período", como o Cendrev, disse, indicando que os projetos, avaliados pela Direção-Geral das Artes (DGARTES), estão a ser executados até final deste ano.

O Centro Dramático de Évora lembrou que o seu projeto teatral criado em Évora, em janeiro de 1975, "é, naturalmente, filho legítimo da revolução portuguesa".

Por isso, perante o desafio integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que arrancaram no ano passado, "surgiu de imediato a ideia de voltar, mais uma vez, aos textos de António Lobo Antunes".

"Estes tinham resultado já num primeiro espetáculo, em 2004, e numa segunda abordagem, em 2014, numa parceria do Cendrev com a ACTA - Companhia de Teatro do Algarve", evocou.

Ambos os projetos tiveram dramaturgia e direção de Pierre-Étienne Heymann, "homem de teatro, profundamente conhecedor da obra deste autor que se debruçou sobre a revolução portuguesa em várias das suas obras", explicou a companhia.

"Convocámos este painel de personagens, genialmente desenhados pela poética e perspicácia de Lobo Antunes, para confrontar o público com um conjunto de olhares e inquietações sobre esses acontecimentos que transformaram profundamente a vida do povo português", pode ler-se.

Com a Revolução de Abril, argumentou o Cendrev, "não foi conquistada apenas a liberdade e a democracia política", mas "criaram-se também condições para notáveis avanços civilizacionais que hoje estão a ser profundamente delapidados".

Uma vez que o teatro é "um espaço privilegiado de encontro e reflexão dos homens, este acontecimento maior da nossa História não podia deixar de constituir matéria do nosso trabalho", argumentou a companhia teatral alentejana.

A peça 'Autos da Revolução' estreou-se a 25 de outubro do ano passado, na Biblioteca Municipal de Arraiolos, no distrito de Évora, e foi posteriormente apresentada em diversas cidades do país.

A reposição do espetáculo é acompanhada, tal como na primeira vez, pela exposição itinerante 'Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro', organizada pelo Museu Nacional do Teatro e da Dança, com o apoio da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril.

Com curadoria de Nuno Costa Moura e em circulação pelo país, a mostra, que abre às 17h30 de hoje, vai ficar patente no Teatro Garcia de Resende, em Évora até 11 de maio, abordando o papel da arte teatral na transição entre regimes.

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