A KTM enfrenta um novo revés ao ser obrigada a suspender, pela segunda vez em poucos meses, a produção de motociclos na sua fábrica em Mattighofen, Áustria. Esta interrupção, que se prolongará até 27 de julho, deve-se à falta de componentes essenciais, resultado direto de uma crise financeira que assolou a empresa no final de 2024. Durante esse período, a produção foi interrompida e as encomendas de peças ficaram suspensas por cerca de três meses, comprometendo gravemente a cadeia de abastecimento.

A situação agravou-se após a empresa-mãe, Pierer Mobility, iniciar um processo de reestruturação ao abrigo do Regulamento Europeu de Reestruturação. A KTM AG declarou-se insolvente, enfrentando dívidas que ascendem a 1,8 mil milhões de euros, colocando em risco cerca de 3.600 postos de trabalho e afetando aproximadamente 2.500 credores. Apesar da aprovação de um plano de reestruturação pelos credores em fevereiro, a escassez de peças impediu a retoma sustentada da produção.

Durante uma videoconferência com os colaboradores, o CEO da KTM, Gottfried Neumeister, afirmou: ‘Devido a graves problemas na cadeia de fornecimento, é impossível continuar a produção conforme planeado. O stock restante permitia apenas a montagem de cerca de 4.200 motociclos, e agora enfrentamos a falta de componentes essenciais’, refere o responsável citado pelo VisorDown.

Além disso, a KTM anunciou que deixará de ser responsável pela distribuição das motos CFMoto na Europa, numa estratégia para se concentrar nas suas marcas principais. A empresa enfrenta ainda o desafio de colmatar um défice financeiro de aproximadamente 600 milhões de euros até 23 de maio, conforme acordado com os credores.

Apesar das dificuldades, a KTM mantém o compromisso com o seu programa de MotoGP, garantindo a continuidade de pilotos como Pedro Acosta e Brad Binder. No entanto, a participação em outras competições, como o Mundial de Rally Raids, foi reduzida, com a marca a concentrar-se exclusivamente na equipa oficial, deixando de fora as marcas GasGas e Husqvarna.