A diversidade de género não é apenas uma questão de justiça social, mas também um investimento estratégico para as empresas, do ponto de vista da atração e retenção de talento e da performance financeira. Este investimento é crucial no setor tecnológico, onde a inovação e a capacidade de adaptação são essenciais e uma mais-valia que ultrapassa o mero preenchimento de quotas e a representação mais fiel da sociedade. Embora a presença feminina na tecnologia traga benefícios concretos, ainda existem obstáculos a superar para ser um setor mais inclusivo.

Ora, a diversidade de género oferece diferentes abordagens e experiências, resultando em ideias mais inovadoras e metodologias mais eficazes. Equipas diversas são mais sensíveis às diferentes perspetivas e realidades, permitindo uma melhor adaptação ao mercado e ao mundo. Quando existe colaboração entre todos, os resultados são invariavelmente mais robustos, e as soluções encontrados para resolver desafios e problemas, ficam mais completas. A diversidade contribui, por isso, para a eficiência organizacional, a tomada de decisões mais equilibradas, e um melhor entendimento das necessidades de todos os stakeholders dentro de uma empresa.

Diversidade significa também garantir que todas as perspetivas são consideradas, independentemente do background ou identidade de cada pessoa. Não se trata de excluir ou reduzir a participação de qualquer grupo, mas sim de reconhecer que a pluralidade de experiências enriquece o debate e as soluções. Ao integrar diferentes visões e formas de pensar, as equipas tornam-se mais criativas e preparadas para enfrentar desafios complexos, promovendo uma cultura organizacional onde a inovação e o respeito pela diferença são elementos centrais.

Consequentemente, a falta de mulheres no setor limita o potencial estratégico das empresas. Sem diversidade, a visão tende a ser unidimensional e menos empática, resultando em produtos que podem não atender às necessidades de todos os envolvidos. O desafio de ter mulheres no setor tecnológico começa na infância, quando muitas raparigas são menos estimuladas tecnologicamente devido às expectativas da sociedade em relação às características que uma mulher deve ter.      Desde cedo, são promovidos estereótipos que associam determinadas competências ou interesses a géneros específicos, afastando, muitas vezes, as raparigas de áreas tradicionalmente vistas como masculinas - e de brinquedos e jogos tecnológicos. Esta falta de encorajamento não só limita o interesse e a confiança das mulheres em seguir carreiras tecnológicas, como perpetua a ideia errada de que não pertencem a esses espaços. Desafiar estas perceções e criar ambientes mais inclusivos é essencial para que mais mulheres possam ingressar e prosperar nas STEM.

Para inspirar novas gerações e cultivar indústrias mais inclusivas, as empresas devem apostar na contratação de talento feminino para todo o tipo de cargos, incluindo de liderança e investir na visibilidade de mulheres em eventos e em campanhas de employer branding. Além disso, os processos de recrutamento podem também ser ajustados de forma a evitar enviesamentos de género, garantindo que todos os candidatos têm as mesmas oportunidades, nomeadamente através do uso de ferramentas que analisam linguagem inclusiva e identificam possíveis preconceitos nos anúncios de emprego. A Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI), por exemplo, tem contribuído significativamente para a promoção da diversidade através de iniciativas como a Carta Portuguesa para a Diversidade e o programa Engenheiras Por Um Dia, que proporcionam às mulheres as ferramentas necessárias para se destacarem na tecnologia. Além disso, iniciativas como as PWIT (Portuguese Women in Tech), Geek Girls Portugal e a C-Level Mentorship Academy do Ponto Zero, têm desempenhado um papel fundamental no apoio e na capacitação de mulheres na área tecnológica, promovendo redes de mentoria, formação e oportunidades de crescimento profissional.

Como a diversidade de género é fundamental para o desenvolvimento e inovação das organizações, desenhar e implementar mudanças estruturais e culturais deve ser uma prioridade para o setor tecnológico. Um futuro mais inclusivo será melhor para todos e a chave está em trabalharmos em conjunto para o atingir.

Talent Acquisition Lead na tb.lx