Estamos cientes de que, em Portugal e na nossa cultura, a habitação condigna é considerada como um abrigo decisivo, uma proteção vital. Agregado a essa "necessidade suprema", o debate de décadas tem-se focado, igualmente, não só na escassez mas sobretudo nas condições de uma boa habitabilidade e dos condicionalismos que a mesma provoca nas suas populações, especialmente nas que se debatem com maiores dificuldades/carências socioeconómicas.
Lisboa, como cidade cosmopolita que assistiu a um crescimento — nem sempre ordenado — dos seus espaços, pelas várias razões conhecidas, desenvolveu um conjunto de respostas que neste quadro considerou o erguer de um número significativo de edifícios ou fogos de habitação social, onde residem vários milhares de lisboetas. Associado à construção destas infraestruturas verificou-se a necessidade de definir um modelo e uma política de gestão que pudessem ter uma execução eficaz desses bairros municipais, onde, para além da conservação e manutenção do património, se promovesse também uma educação ambiental e em especial uma integração social.
Sim, estes bairros de cariz social possuem um capital humano que pode e deverá ser potenciado. Muitos dos seus residentes dispõem de variadas competências e talentos que, devido a um leque de razões, nem sempre emergem, evoluem ou são devidamente reconhecidos. Nesse quadro de justificações, integra-se tantas vezes o estigma de pertencer a um espaço social, bem como a ausência de oportunidades que possibilitem ultrapassar estas barreiras.
É neste contexto que destaco aqui o recente projeto lançado e promovido pela administração da empresa municipal de Lisboa, a Gebalis, sob o lema Talentos do Bairro, que contou com o contributo decisivo do presidente Carlos Moedas. Uma iniciativa, ou melhor um concurso, no qual mais de uma centena de participantes (de todas as idades) oriundos desses espaços da cidade apresentaram as suas potencialidades (da música à dança, do teatro às artes performativas).
Uma experiência única e enriquecedora, que culminou num momento muito especial, tendo por palco central o Capitólio, no Parque Mayer, onde 13 finalistas revelaram ser verdadeiras "estrelas", brilhando em frente a uma plateia que entusiasticamente aplaudiu o concretizar de um sonho em que todos foram vencedores e no qual ganhou também Lisboa.
Lisboa Cresce, Lisboa Agradece.
Presidente Egeac/LISBOA CULTURA