E, neste momento em que enfrentamos desafios globais, é imperativo que reafirmemos o nosso compromisso com os valores democráticos que tornam Portugal um país inclusivo, promovendo a paz, a justiça e a solidariedade.
Vivemos tempos indiscutivelmente desafiadores no cenário geopolítico. A tensão crescente entre os Estados Unidos e a China, o conflito contínuo entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento da extrema-direita em várias partes do mundo tornam o nosso presente um verdadeiro campo de batalha emocional e político. Neste contexto, parece-me vital recordar o significado do 25 de Abril e do 25 de Novembro, não apenas como marcos da luta pela liberdade e democracia em Portugal, mas como lições relevantes para a humanidade num momento tão crítico.
Embora Portugal tenha uma concordata com a Santa Sé que confere à Igreja Católica um estatuto especial, o artigo 41.º da nossa Constituição garante a liberdade de consciência, a liberdade religiosa e a laicidade do Estado como direitos fundamentais. Essa laicidade é um princípio que deve ser respeitado em todos os níveis, permitindo a todos os cidadãos, independentemente das suas crenças, viverem num ambiente onde a religião não interfira nas esferas públicas e sociais. É essa mesma filosofia democrática que devemos cultivar ativamente, especialmente agora, quando a polarização e a divisão parecem ser o combustível de muitas narrativas políticas.
Os conflitos geopolíticos atuais são um lembrete gritante da fragilidade da paz e da necessidade de diálogo. O confronto entre os EUA e a China, com as suas políticas cada vez mais antagónicas, e a brutalidade da infindável guerra na Ucrânia, demonstram que a busca pela hegemonia pode levar a consequências devastadoras. O que está em jogo é mais do que território ou influência; é a vida de milhões e a integridade de sociedades inteiras.
E quando olhamos para o aumento da extrema-direita em diversas nações, notamos a ressurreição de narrativas que dividem, que plantam o medo e que subvertem os valores democráticos que tanto nos esforçámos por construir. Este retrocesso nas conquistas da liberdade e da justiça social deveria servir de alerta para todos nós. Tal como no passado, temos de nos unir para defender os nossos direitos, a nossa democracia e a dignidade de cada ser humano.
O 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975 foram, e continuam a ser, faróis de esperança e de resistência; ensinam-nos que a liberdade não é apenas um presente, mas uma responsabilidade a ser defendida diariamente. E, neste momento em que enfrentamos desafios globais, é imperativo que reafirmemos o nosso compromisso com os valores democráticos que tornam Portugal um país inclusivo, promovendo a paz, a justiça e a solidariedade.
À medida que navegamos por estas águas turbulentas, não devemos olhar para a história como um guia e fomentar um espírito de empatia e compreensão? O mundo precisa de diálogo, de diplomacia e de uma coragem coletiva que desafie as divisões. Que os exemplos do 25 de Abril e do 25 de Novembro nos inspirem a promover a liberdade, a democracia, a paz e a inclusão, e que possamos construir um futuro onde a solidariedade e a justiça prevaleçam sobre a divisão e o medo.