Um dos meus rituais de início de cada ano é sentar-me a folhear o Borda D’Água. O nome completo é "O Verdadeiro Almanaque Borda D'Água - Reportório útil para toda a gente", uma publicação que existe há 96 anos, "contendo todos os dados astrológicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral".

Editado desde a sua fundação pela Editorial Minerva, mantendo sempre o mesmo aspeto gráfico e secções, o almanaque custa três euros. A edição de 2025 tem 24 páginas e uma tiragem de cem mil exemplares. Na ficha técnica ainda aparece um número de fax e ao longo das páginas existem prognósticos para o ano, conselhos práticos baseados na sabedoria popular (de provérbios a mezinhas), na ciência e na astrologia, assim como previsões meteorológicas, previsões para a agricultura, épocas de sementeiras e outros trabalhos agrícolas, fases da lua, informação sobre o mar e as marés, calendário, efemérides, mas também, logo na segunda página, o rol de feriados e festividades ao longo do ano.

Em cada mês, há os nomes de pessoas que nele nasceram, dos santos respetivos, informações sobre o que se deve semear e colher, seja nas hortas ou no jardim, além de indicação da hora do nascer e do pôr-do-sol e das fases da lua e dos mercados festas e feiras. Cada mês é ainda acompanhado de dizeres populares, como por exemplo "em fevereiro chuva, em agosto uva".

Infelizmente o Borda D'Água ainda não me consegue dizer o que se passará na política. Mas sejamos compreensivos: é impossível prever a que loucuras assistiremos ao longo do ano neste retângulo à beira-mar plantado e, menos ainda, adivinhar quais serão os candidatos a Presidente da República ou o que se passará nas autárquicas.