
O WrestleMania é muito mais do que um mero evento de wrestling. É sinónimo de grandeza com uma mistura de atleticismo, storytelling cinematográfico e puro entretenimento. Daí a alcunha dada pelos fãs: "The Show of Shows" (o espetáculo dos espetáculos).
É aqui que as maiores lendas se despedem – como foi o caso de Ric Flair, em 2008 –, que nascem novos ídolos, se contam histórias inesquecíveis e se dão regressos inesperados, como aconteceu no ano passado, no momento tão surpreendente quanto emocionante em que, já estava The Rock em cena, o Undertaker voltou ao ringue. Foi o maior regresso de sempre num WrestleMania.
Figura maior da WWE (maior empresa de wrestling profissional do mundo), o Undertaker retirara-se dos ringues em 2020, em plena pandemia de covid-19, num combate "Boneyard Match". Naquele que seria o seu último combate, venceu AJ Styles e fechou uma carreira de 37 anos e dezenas de lesões, muitas delas seriamente graves – razão que também o empurrou para a reforma. No ano passado, porém, durante o combate entre o então campeão Roman Reigns e Cody Rhodes, aconteceu o impossível: todas as luzes se apagaram, soou o gongo (trademark do Undertaker) e a Supernatural Superstar serviu um chokeslam que ajudou Rhodes a sagrar-se campeão mundial, terminando, aí sim, a sua história na indústria numa noite absolutamente inesquecível para as mais de 72 mil pessoas que assistiram ao vivo, emocionadas até às lágrimas (eu incluído).
Em Philadelphia, o WrestleMania XL bateu todos os recordes de audiência. Dados oficiais revelam que, além dos quase 150 mil que se sentaram no estádio (quase o dobro da assistência do ano anterior), as duas noites de evento colaram aos ecrãs fãs de todo o mundo, cumprindo mais de 660 milhões de visualizações nas redes sociais e mais de 67 milhões só no canal de YouTube da WWE em 24 horas.
A chegar ao seu 41.º capítulo, que acontece a 19 e 20 de abril no Allegiant Stadium, em Las Vegas, o WrestleMania deste ano promete ser mais um que ficará na memória.
O que torna este evento tão especial não é apenas o wrestling. A cada ano, este evento arrasta multidões, movimenta milhões e transforma a cidade-sede numa verdadeira meca do entretenimento. Mas mesmo na arena onde acontece o WrestleMania não há só atletas e wrestling. A WWE traz celebridades e estrelas de outras modalidades ou até do mundo do espetáculo e desenha participações especiais como a que aconteceu em 2021 com o cantor Bad Bunny. Para a edição deste ano, especula-se que o rapper Travis Scott pode vir ter um papel fundamental na rivalidade entre John Cena e o campeão Cody Rhodes. Aguardemos...
Certo é que, todos os anos, este é o palco em que vemos batalhas que nos fazem vibrar, sofrer e torcer como se estivéssemos também no ringue. Mas o que torna estas histórias tão especiais? O segredo está na paixão. Cada golpe, cada provocação e cada reviravolta são cuidadosamente construídos para nos prender e envolver na história, para fazer com que nos importemos com o resultado. Seja uma disputa pelo título mundial, uma luta pessoal entre ex-amigos ou uma rivalidade geracional, entre passado e futuro, o WrestleMania nunca falha a entregar um espetáculo inesquecível.
Para muitos, é como se fosse a final da Champions League, prolongando-se por um fim de semana e com várias "equipas" favoritas em confronto.
Ter a possibilidade de ver um WrestleMania ao vivo é algo absolutamente mágico. A energia da multidão, a música, o fogo de artifício e a sensação permanente de que algo grandioso estará prestes a acontecer fazem deste evento algo extraordinário, único mesmo para quem não acompanha regularmente. É um espetáculo que captura a atenção e deixa qualquer um hipnotizado. Mesmo porque a WWE surpreende-nos quando menos esperamos. Uma prova? Desde a estreia desta coluna, na semana passada, já ocorreram duas mudanças de campeonatos – o título dos EUA pertence agora a LA Knight e o título mundial feminino passou para as mãos de Iyo SKY.
Quem será que vai chocar o mundo neste ano? Quem é que pode fazer um regresso inesperado? Para um fã, essa incerteza é eletrizante.
Para quem está a chegar agora, é um convite para assistir e sentir a adrenalina de não saber o que pode acontecer e, mesmo sem saber quem é o bom da história (babyface) e quem é o mau (heel), escolher os seus personagens e enredos preferidos. Curioso para saber mais? É só passar pela Netflix e ver o que se passa no RAW e no SmackDown.