
O Benfica empatou com o Arouca num jogo que teve várias caras, muito Arouca, um lance polémico que foi decisivo para o resultado e um Benfica que também lutou contra ele próprio, claramente dividido entre a necessidade de não se precipitar e, a determinada altura, a urgência de chegar ao golo.
Este estado de espírito terá talvez levado a equipa encarnada a entrar em campo com uma personalidade ligeiramente diferente da dos últimos desafios, menos intensa na pressão alta e menos agressiva na tentativa de desbloquear problemas, o que foi dando alguma confiança ao adversário para trocar a bola e aos poucos ir conquistando metros no relvado.
É verdade que o Benfica desde o início namorou o golo, mas de forma muito paciente, à luz das velas, sem querer ser muito brusco nas investidas para não levar uma tampa neste date. À mesa, porém, sentou-se um Arouca com quem foi muito difícil flertar, que apresentou as linhas dos seus jogadores muito juntas e determinado a fazer a vida difícil aos encarnados, o que conseguiu durante quase todo o desafio.
A equipa de Bruno Lage tinha mais bola e também ia criando boas oportunidades para marcar. Akturkoglu rematou aos 12', Tomás Araújo fez o mesmo de cabeça aos 15' e Pavlidis aos 16', mas a bola bateu sempre nas pernas ou na cabeça dos defesas e nunca levou a direção da baliza do guarda-redes alemão Nico Mantl. Ao Benfica ia faltando alguma eletricidade na abordagem e sobrava paciência. Rondava o golo, mas com pouca determinação e poucas ideias para colocar a bola em zona de finalização. Dominava, mas sem sensação completa de controlo.
O Arouca rematou pela primeira vez aos 19' e logo com perigo, num grande tiro de Sylla e muito boa defesa de Trubin. Um minuto depois, Jason cruzou na perfeição para a cabeça de Trezza, mas o urguaio fez a bola sair tresloucada por cima da baliza do Benfica. Os visitantes ganharam, nesta altura, mais bola e o mérito de conseguir manter o Benfica em tensão.
Um belo trabalho de Pavlidis na área do Arouca e remate do grego ao poste, e logo a seguir um remate de Di María por cima da trave, prometeram uma história diferente para a segunda parte. Mas não foi aquela que os adeptos benfiquistas gostariam.
O Benfica regressou do intervalo de olhos mais arregalados para o golo e a baliza do adversário, mas foi o Arouca que deu os primeiros sinais de perigo, obrigando Trubin a aplicar-se para defender remates de Halçin e Trezza. A sensação de que as coisas não lhe estavam a correr bem e poderiam acabar pior tornou o Benfica mais ansioso. O ambiente na Luz também.
Aos 60', o Arouca finalmente cedeu, incapaz de travar uma jogada fenomenal de Carreras e depois um remate magistral de Kokçu. As águias respiraram fundo e logo se viu a onda vermelha que se vinha formando nas 9 vitórias consecutivas nos últimos jogos de campeonato, com Akturkoglu e Di María a não conseguirem aproveitar chances para marcar no mesmo minuto, o 62'.
O Arouca tremeu. Mas um penálti polémico assinalado por falta de Otamendi sobre Jason devolveu-lhe a estabilidade e o empate.
Lançou-se o Benfica novamente de cabeça ao golo, já com as velas apagadas e ligado à corrente. Pavlidis marcou, outros poderiam também, Schjelderup acertou nas redes mas foi marcado fora de jogo. A finalizar o jogo, a equipa desequilibrou-se e Weverson congelou a águia com novo empate. O Benfica volta a estar de mão dada com o Sporting na liderança.