O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, admitiu, em Washington, o risco de endividamento em despesa pública durante as campanhas eleitorais que se avizinham, mas defendeu que as legislativas “não podem representar uma oportunidade para desbaratar” o que o país conquistou.

Olavo Correia não negou a pressão e os riscos de endividamento em obras públicas e subsídios nas campanhas para as eleições de 2026, mas assegurou que o Governo “tem gente para gerir isso de forma responsável e evitar que a vontade de ganhar as próximas eleições represente uma oportunidade para deitar ao lixo” tudo o que se conquistou “com muito sacrifício nos últimos anos”.

“Esse risco existe sempre. Qualquer Governo, de qualquer país do mundo, quer ganhar eleições. Não lhe posso dizer que não há risco ou pressão para aumentar a despesa pública. Só que nós temos que ser responsáveis, temos que gerir isso da melhor forma. Não podemos permitir que as eleições possam representar uma oportunidade para desbaratarmos tudo aquilo que conseguimos”, defendeu o responsável à Lusa, à margem das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

“Isso não vai acontecer connosco. Nós estamos aqui vigilantes, gerindo as nossas responsabilidades para garantir que (…) as despesas se mantenham dentro dos níveis que nos garantam um quadro macroeconómico de estabilidade”, acrescentou Correia, também ministro das Finanças de Cabo Verde.

O vice-primeiro-ministro reconheceu que o Estado deve responder às demandas óbvias da população, como mais médicos e melhores professores, ou melhores quadros de remuneração.

Olavo Correia defendeu, porém, que essas responsabilidades do Estado têm que ser compensadas pelos impostos.

O governante salientou que Cabo Verde tem conseguido aumentar de forma substancial a capacidade de arrecadação de impostos, permitindo assim subir as despesas públicas “sem colocar em causa o quadro macroeconómico”.

“Essa trajectória não pode ser invertida. No dia em que ela for invertida, estaremos a dar o pior sinal ao mercado. (…) Se invertemos essa trajectória, o nosso `rating` vai deteriorar-se, as taxas de juros vão aumentar e depois os cidadãos vão pagar isto de forma indirecta e indireta”, observou.