
Chegámos ao fim da estrada. Meses de rivalidades, momentos intensos, regressos surpreendentes e histórias cuidadosamente contadas culminam no próximo fim de semana: está aí o WrestleMania 41. A cada ano, este não é apenas um evento – é um fenómeno. É onde se faz história, onde legados serão definidos e onde os sonhos, às vezes, se tornam realidade.
Para os fãs de sempre, como eu, é a altura que esperámos o ano inteiro. Para os novos, que espero com esta coluna ter feito apaixonar-se pelo wrestling e pela WWE, é o momento perfeito para perceberem que acompanhar esta coluna valeu a pena e este desporto é mesmo apaixonante. Este ano, com Las Vegas como cenário e a Páscoa como pano de fundo, tudo promete ser ainda mais grandioso.
Neste artigo, focar-me-ei na antevisão de cinco combates principais que irão marcar o WrestleMania 41, entre os 14 que irão acontecer. Quem irá roubar o show? Quem irá sair por cima? E quem poderá surpreender o mundo inteiro?
Rhea Ripley vs. Iyo Sky (c.) vs. Bianca Belair pelo Título Mundial Feminino

Comecemos pelo combate que penso que vai roubar todas as atenções e potencialmente ser o melhor do fim de semana. Estamos a falar de três das lutadoras mais talentosas da era moderna que irão dividir o ringue num embate que promete ser de pura eletricidade.
Iyo Sky, a atual campeã, não é apenas a “Genius of the Sky” – é uma das lutadoras mais criativas e imprevisíveis do mundo. Desde que assumiu o controlo do seu destino, tem sido imparável. A sua combinação de velocidade, técnica e ousadia deixa qualquer adversária em alerta constante. E apesar de estar em frente a duas adversárias de peso, há um sentimento no ar: este pode ser o momento em que Iyo cimenta o seu legado.
Também no ringue estará Bianca Belair, uma superatleta com força bruta e uma ligação ao público que poucos conseguem igualar. Belair já brilhou em WrestleManias passados ou seja, sabe o que significa este palco e vai querer provar que é capaz de voltar ao topo. A “EST da WWE” é sempre uma ameaça.
E depois, claro, Rhea Ripley, a "Mami" da WWE, que até recentemente dominava a divisão feminina do RAW, e que vem com sede de vingança e usará a sua “brutalidade” para recuperar o que sente que ainda é seu. O seu poder físico, carisma e presença intimidadora fazem dela um monstro no ringue e uma das favoritas do público.
Neste embate, penso que Iyo Sky sairá do WrestleMania ainda campeã e mostrar que não é um “after thought” mas uma das figuras maiores da companhia.
GUNTHER (c.) vs. Jey Uso pelo Título Mundial

Este WrestleMania marca um ponto alto na carreira de dois nomes que há apenas uns anos estavam em posições muito diferentes no card. GUNTHER chega como campeão mundial e com uma força imparável. A sua transição até ao topo parecia inevitável desde que chegou à WWE.
Do outro lado, temos Jey Uso, um dos lutadores mais populares da WWE. A sua viagem desde que deixou a Bloodline até se afirmar como um nome independente tem sido uma das histórias mais bem contadas dos últimos tempos. E a verdade é que o público está do lado dele. Jey representa o coração, a superação e o sonho do improvável – o típico “underdog” com que os fãs se conectam.
Mas por mais que a história tenha ganhado força nas últimas semanas, especialmente com o ataque brutal de GUNTHER ao irmão gémeo de Jey, não consigo evitar sentir uma certa frustração com este combate. Não pelo talento envolvido, mas porque é pelo título mundial. Sinceramente, GUNTHER merecia uma rivalidade que estivesse ao nível do seu percurso, mas apesar disso tudo, parece-me que será impossível Jey Uso não sair do WrestleMania com o título, por se tratar da história de um underdog que chegará ao topo e honrar o seu irmão.
Tiffany Stratton (c.) vs. Charlotte Flair pelo Título Feminino da WWE

A verdade é que a construção desta rivalidade tem sido... confusa. Ora parece uma passagem de tocha ora parece uma lição de humildade. Tiffany Stratton tem carisma, talento e potencial de sobra, e não escondo, estou do lado dela. Tem tudo para representar a WWE para a nova era.
Mas estamos a falar do WrestleMania. E do outro lado está Charlotte Flair. A rainha da WWE. Uma lutadora que, apesar do seu apelido e de toda a história que esse representa no wrestling, nasceu para brilhar neste palco.
E por muito que a história não tenha sido a mais sólida, há algo que parece certo — mas espero estar enganado: Charlotte sairá campeã. E talvez, para Tiffany, esta derrota seja o primeiro passo para algo ainda maior no futuro.
CM Punk vs. Roman Reigns vs. Seth Rollins

Um combate de sonho que envolve os maiores egos da WWE, histórias mal resolvidas e o verdadeiro controlo da liga principal do wrestling mundial. Eu? Vou estar a torcer por CM Punk, o rebelde, o regresso que ninguém achava possível, o homem com contas a ajustar com o todo o mundo. Mas quanto mais penso nisto mais sinto que não será ele a sair com a vitória.
Na verdade, antecipo aqui uma traição. Paul Heyman, o manager lendário que nos últimos dez anos foi associado a Punk e Reigns, tem estado demasiado calado e deve um “favor” a Punk por este ter ajudado a família num combate em novembro. E não me admirava que, no momento decisivo, virasse as costas não só a Punk, mas também a Roman Reigns.
E no meio desse caos, Seth Rollins – o visionário, o estratega – aproveitará para roubar o palco e o triunfo. Vai ser uma guerra, mas no fim, talvez seja Rollins a vencer.
Cody Rhodes vs. John Cena pelo Título da WWE

Aí está. O último WrestleMania de John Cena. Um nome que definiu uma geração, que foi herói para milhões, que construiu uma carreira dentro e fora do ringue com base na lealdade, no respeito e agora, ironicamente, na traição.
Como aqui contei, Cena tornou-se heel (mau), virando-se contra os próprios fãs, contra a imagem que ele próprio criou – e contra Cody Rhodes, o homem que representa o agora e futuro da WWE. Cody é campeão há um ano e terminou a sua história, mas agora precisa defendê-la.
Mas há uma sombra a pairar sobre este combate: The Rock. Desde que se assumiu como o “Final Boss” da WWE, é o vilão da empresa e com ele e Cena tão próximos da mesma causa não é impossível imaginar o seu regresso e ajudar a derrotar Rhodes.
Será desta que Cena assume o seu papel como a figura mais importante da história da companhia e bate o recorde de Ric Flair ao tornar-se pela 17.ª vez campeão?
Dentro de uma semana, já o saberemos. Certo é que o WrestleMania 41 promete ser um marco. Entre lendas que se despedem, novos nomes a emergir e histórias prestes a explodir, tudo aponta para duas noites memoráveis. É este o encanto do WrestleMania: nunca sabemos o que vai acontecer, mas sabemos que vamos sentir tudo.
Que comece o espetáculo! E se não pode ver ao vivo, não perca, na Netflix.
Obrigado a quem me acompanhou ao longo deste mês e meio de Road to WrestleMania 41 e obrigado ao SAPO por dar espaço a que se fale deste fantástico mundo que é o wrestling.