Durante anos, quem ousasse falar das redes de imigração ilegal em Portugal logo era cognominado de extremista de direita ou pior. Só que o tempo, esse grande escultor da verdade, confirma: essas traficâncias foram detetadas em 70% das freguesias de Lisboa: só numa mesma rua, por exemplo, dois apartamentos tinham 4349 moradores fantasma. Ou seja, a esmagadora maioria das juntas de freguesias da capital remeteram para as entidades oficiais milhares de pedidos de atestados de residência, de cidadãos estrangeiros, com moradas falsas e testemunhas repetidas. Foi difícil que viesse à tona, mas aí está.

Há muitos processos no DIAP e num julgamento que já começou sentam-se dezenas de arguidos indiciados por auxílio à imigração ilegal (um dos crimes que não têm parado de aumentar em Portugal) — uma rede de liderança hindustânica.

É só a ponta do icebergue. No nosso país, existem milhares de imigrantes registados com a mesma morada, para a obtenção de vistos. Num endereço, centenas de cartas da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) entregues de uma assentada. Por exemplo: Rua dos Anjos, número 14, cartas para Amandeep Lyall, Shagufta Kahn e uma série de outros imigrantes. Rua Afonso lll, edifício oceano, número 4, Quarteira, correspondência para Kanwarpreet Singh, Muhammed Ramees, e muitos mais.

Ou seja, esta AIMA, apresentada como o elixir para o problema, só tem desregulado ainda mais. O seu sistema informático nem é capaz de disparar um mero e simples alerta automático, apesar dos milhões e milhões em computadores, equipamento para validação de documentos ou recolha de dados biométricos e aquisição de serviços de programação de software.

A regra deveria ser básica: recebe-se apenas e só quem Portugal precisa e consegue tratar com dignidade. Acontece que os governos de Costa nem sequer controlaram o registo criminal das pessoas que entraram em Portugal e helás, eis as consequências da chamada "manifestação de interesses", que levou a que milhares de imigrantes seguissem o processo de legalização com certificados de residências falsificados, bem como declarações de empresas fantasma para empregos fachada.

Ou seja, a narrativa oficial de que a imigração é a panaceia milagreira para a decadência europeia é também ela contrafeita. Aliás, se assim fosse, não assistiríamos ao declínio económico paralelo ao aumento destes fluxos populacionais. De resto, os imigrantes também não são a poção mágica da segurança social. Os estrangeiros já representam 41% das reclamações por corte no subsídio de desemprego.

Claro que os trabalhadores portugueses olham para esta multiplicação como concorrência desleal que desvaloriza o seu trabalho — além das questões de segurança ou culturais. Mas uma certa "social-democracia" que se afadiga a denunciar os salários portugueses de miséria não se preocupa com este nivelamento por baixo, também não se ralando com a exploração a que muitos imigrantes são sujeitos. Isto porque essa certa "social-democracia" pertence às elites almofadadas que olham para estes estrangeiros como empregaditos baratos que não moram nos seus bairros bem estofados e, também por isso, não incomodam.

Já as castas das cúpulas só podem olhar para esta multiplicação como a oportunidade ideal para dividir e reinar. Contas simples, portanto. Contrabando.

Ativista Política 

Cortexfrontal@gmail.com