Contudo, ao longo das décadas, a organização tem-se desviado do seu propósito inicial, transformando-se num organismo supranacional que influencia estilos de vida e adota medidas que vão para além da prevenção de doenças.
A transparência da OMS e a origem dos seus financiamentos são questões essenciais para compreender a sua atuação, bem como as polémicas em que atualmente está envolvida e a insatisfação de líderes políticos que querem abandoná-la. Uma parte significativa do seu orçamento provém de fundações privadas, como a Fundação Bill e Melinda Gates, que também financia a GAVI - Aliança para Vacinas. Durante a pandemia de covid-19, a GAVI desempenhou um papel crucial na distribuição de vacinas, mas a falta de transparência nos contratos com as grandes farmacêuticas gerou bastante controvérsia: muitos destes acordos foram mantidos em sigilo, impedindo que países em desenvolvimento tivessem acesso a todas as informações necessárias antes de aceitarem os contratos. Em 2023, surgiram relatos de que a GAVI aceitou cláusulas que isentavam as farmacêuticas de qualquer responsabilidade por efeitos colaterais das vacinas, uma situação que compromete a confiança na gestão da saúde pública.
A forte influência de financiadores privados nas políticas da OMS torna-se evidente não apenas na gestão de crises sanitárias, mas também na promoção de medidas políticas que beneficiam determinados sectores económicos. A organização tem defendido ações como impostos sobre o açúcar, restrições ao álcool e regulações severas ao vaping, apresentando estas medidas como iniciativas de saúde pública, mas sem evidências sólidas que suportem estas sugestões. Estas recomendações levantam dúvidas sobre até que ponto a organização se baseia apenas em evidência científica ou se está a responder aos interesses dos seus principais financiadores.
Ao mesmo tempo, a OMS tem dado menos atenção a problemas de saúde pública que necessitam de intervenção urgente, como o ressurgimento de doenças infecciosas, incluindo sarampo e tuberculose, em diversas regiões do mundo, referindo falta de financiamento, no entanto a sua prioridade parece ter-se deslocado do combate a doenças preveníveis para a regulação de comportamentos individuais, ignorando as consequências económicas e sociais das suas recomendações.
Os conflitos de interesses dentro da OMS comprometem a sua credibilidade e a eficiência das suas recomendações. O financiamento por parte de entidades ligadas à indústria farmacêutica coloca em causa a imparcialidade da organização, dado que as suas decisões podem estar a ser moldadas por objetivos comerciais em vez de considerarem exclusivamente o bem-estar da população mundial. Se a OMS continuar neste caminho, será necessária uma reforma que reforce a transparência e devolva à organização a sua missão original: combater doenças preveníveis e melhorar a saúde global sem interferências de interesses privados.
Perante as preocupações levantadas sobre a transparência e independência da OMS, é imperativo que os membros da organização promovam reformas que reforcem a sua integridade, sob risco de ser abandonada consecutivamente pela sua conotação politica, Trump já avançou com o processo de saída, sendo aliás a segunda vez que o faz. Quando assinou a ordem executiva referiu a quantidade elevada de dinheiro que os EUA pagam à OMS em relação à China, e já em 2020 quando o fez pela primeira vez, o Presidente Trump já se mostrava desconfortável com aquilo que dizia ser um controlo de Pequim sobre a organização mas também a má gestão da Pandemia.
Também a Itália parece estar insatisfeita com a permanência e rumo da OMS, com o partido Liga a apresentar uma iniciativa com ordens de motivos muito semelhantes, tais como a parca contribuição chinesa em relação aos outros países, o financiamento da família Gates, dúvidas em relação ao destino dos fundos recebidos.
Para restaurar a confiança da comunidade internacional, a OMS deve implementar mecanismos eficazes que assegurem a divulgação completa das suas fontes de financiamento e dos processos de tomada de decisão, garantindo que as contribuições financeiras não influenciem indevidamente as políticas de saúde bem como estabelecer salvaguardas que a protejam de influências políticas ou económicas, assegurando que as suas recomendações e decisões sejam baseadas exclusivamente em evidências científicas e nas necessidades de saúde pública.
A responsabilização também deve ser um pilar essencial desta reforma, criando estruturas e condições que permitam a monitorização e avaliação contínua das atividades da OMS, garantindo que a organização seja responsável perante os Estados-Membrosl.
Se a OMS quer restaurar a credibilidade e desempenhar o papel fundamental para o qual foi criada, deve afastar-se das pressões económicas e políticas e regressar à sua missão original: promover a saúde pública com base na ciência, sem interferências externas, ou a seu tempo será substituída por quem o faça.
Coordenação do movimento Ladies of Liberty Alliance - Portugal e Fellow Young Voices Europe