Chegados a esta altura do campeonato, parece-me oportuno abordar os temas mais recentes do universo futebolístico, num mês cheio de sumo:

  1. Presenciámos a cessação do contrato de um treinador cujo único traço de personalidade era usar calções. Vítor Bruno queixou-se de despedimento sem justa calça.
  2. Entretanto o Pepê foi apanhado a jogar Counter Strike até às 2.30 da manhã, na véspera do jogo do Porto contra o Nacional. Para muitos adeptos: um ultraje; para mim: ética profissional. O Pepê era o único jogador do Porto preparado para enfrentar o nevoeiro da Choupana, à quantidade de granadas de fumo a que sobreviveu na madrugada anterior.
  3. No desporto aquático, Fábio Coentrão foi apanhado com uma tonelada de marisco vivo ilegal. As autoridades competentes dizem que o ex-jogador tem de ter o negócio licenciado. Coentrão está neste momento a ver se inscreve o negócio na faculdade.

Mas o momento mais alto da semana do ponto de vista futebolístico, passou-se comigo. E como decerto saberão já, gosto de escrever sempre com base em coisas que realmente me acontecem. Talvez seja por isso que raramente toco em assuntos como fama, sucesso ou dinheiro.

Esta semana estava com o carro estacionado e reparei num Bentley, parado em segunda fila, com os quatro piscas, a impedir a minha saída. Sendo à porta de um restaurante, fiz sinal para dentro, ao que um funcionário me disse já ter chamado o dono do carro para o vir tirar.

Nisto, qual lavagante saído de um viveiro gerido pelo Coentrão, aparece à minha frente, a correr de chave na mão, um dos meus maiores ídolos clubísticos e nacionais: Képler Laveran de Lima Ferreira – comummente designado como Pepe.

É importante referir neste momento que não só não era eu que estava a conduzir o carro, nem sequer o carro era meu, mas uma certa necessidade de afirmação masculina fez com que abrisse a janela imediatamente: "Fogo, ó Pepe… Ao tempo que foste treinado pelo Mourinho estava à espera de que fosses melhor a estacionar o autocarro!"

A resposta do Pepe comoveu-me, e vai ficar para sempre guardada no meu coração: "Conheço-te?" Típico Pepe.

Entretanto, estamos quase a celebrar os 40 anos do Ronaldo. Sejamos sinceros: é possível que o Ronaldo não seja humano. Estamos a falar de um homem que aos 40 anos não sabe o que é um problema capilar, enquanto a maioria dos homens está careca de saber.

E vocês dizem-me: "Ah e tal, mas ele é cofundador da Insparya, assim também eu mantinha o meu cabelo."

Quantos destes homens tentaram aplicar esta lógica no Tribunal de Família e falharam? E também eram cofundadores dos filhos…

De facto, o Cristiano é o G.O.A.T. – não no sentido de Greatest of All Time, esse para mim é o D. Afonso II, "o Gordo" – mas no sentido de "Grande Objetivo para a Autoridade Tributária", para o ano de 2025. Chegado aos 40 anos, a esperança do Ministério das Finanças é que Ronaldo venha gastar a sua reforma a Portugal, contribuindo para cerca de 40% do PIB nesses anos.

Face à atual rendição à cultura árabe, os prognósticos são de que Cristiano passará a ser titular no Al-Bufeira.

Infelizmente para a nossa economia, a reforma do craque não está para breve. Com uma força de vontade incrível, é expectável que Ronaldo se aguente mais dois ou três anos no ativo, sendo certo pelo menos que disputará o próximo Mundial.

É impossível não pensarmos imediatamente no que isto diz sobre o nosso país. Nem o Ronaldo consegue a reforma antecipada.

Comediante Estagiário